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As vias mais perigosas de São Paulo registraram aumento no número de acidentes fatais em 2008. Da lista feita pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) - e obtida com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo - que mostra as 25 avenidas com mais acidentes fatais de trânsito, 15 tiveram aumento no número de mortos nos 12 meses do ano passado, ante apenas seis que apresentaram redução no número de acidentes com morte. Foram 380 óbitos nessas 25 vias, o que representa aproximadamente 26% das vítimas fatais em toda a cidade. Isso significa que em 74% da cidade aconteceram as outras 1.083 mortes em acidente de trânsito, de forma pulverizada.
De acordo com a CET, em 2008 houve diminuição de 6% no número de mortes no trânsito paulistano, passando de 1.566 em 2007 para 1.463 no ano passado. Todos devem ter cuidado redobrado nos 24,5 km da Marginal do Tietê, a líder no ranking de perigo nos últimos três anos. Foram 58 mortes em 2008, 48 no ano anterior e 49 em 2006. Também é na Tietê que está registrado o maior número de atropelamentos - 25 - e de colisões entre veículos - 20 -, e de 8 outros tipos de acidentes fatais não especificados.
Já a via que teve a redução mais forte no número de acidentes fatais é a Avenida São Miguel, na Zona Leste da Capital, que baixou para 9 mortos ante os 23 registrados em 2007 e os 12 de 2006. É seguida pela Estrada do M Boi Mirim, que baixou 37,5%, de 24 em 2007 para 15 mortos no ano passado.
Com forte ação na Avenida São Miguel, o policiamento de trânsito na Zona Leste não tem explicação para a drástica baixa no número de mortos em acidentes na via. Em toda a extensão há dois radares fixos - e de janeiro a dezembro de 2008 nenhum novo equipamento foi instalado. Para o engenheiro e especialista em trânsito Horácio Figueira, a diminuição pode ser decorrente da durabilidade de congestionamentos durante todo o dia.
Das 670 mortes de pedestres na Capital no ano passado, a Marginal do Tietê foi responsável por 25 delas, uma média de duas por mês. No total, as 25 vias mais perigosas tiveram 168 atropelamentos fatais. Em dezembro, a CET registrou 42 atropelamentos em toda a cidade, e somente na Tietê foram 8 (19%). A Marginal do Pinheiros teve três, de um total de nove durante todo o ano. Segunda colocada na lista, a Pinheiros viu diminuir o número de mortos em toda sua extensão em 2008. Foram 29 em 2008 ante os 33 de 2007 e 37 em 2006.
Os dados levam em conta também os trechos urbanos de rodovias que chegam à Capital. Cinco delas fazem parte do ranking das 25 vias mais perigosas, responsáveis por 61 mortes no ano passado. O trecho da Fernão Dias é o mais perigoso entre as rodovias e o 5º no total com maior registro de vítimas fatais. Foram 19 somente no ano passado, sendo 14 em decorrência de atropelamentos. "A gente sempre vê atropelamentos", diz Francisco Matos, dono de uma mercearia de frente para a rodovia, na Viela Fernão Dias, na Vila Queiroz, Zona Norte. Ele conta que é comum os pedestres evitarem as passarelas. "As pessoas ficam às vezes no meio do caminho entre duas passarelas. Então preferem correr o risco. Ir pela passarela é até mais perigoso porque as motos vão por lá para fazer o retorno", diz.
Segundo o professor José Bento Ferreira, especialista em educação para o trânsito, da Unesp, essa situação é decorrência de um posicionamento que coloca o pedestre sempre em segundo plano em qualquer programa para melhoria de tráfego. "Parte das passarelas está em má conservação e sempre longe dos pontos de interesse dos pedestres", afirma.
1/3 dos locais mais perigosos não tem fiscalização
Os radares de velocidade são cada vez mais usados por Estados, municípios e polícias para punir motoristas infratores e assim tentar reduzir os acidentes. Na Capital, há mais de 400 equipamentos em funcionamento. No entanto, ao se cruzar a lista dos endereços onde estão instalados com a das ruas, avenidas e estradas com mais acidentes fatais, um dado chama a atenção: 36% das vias mais perigosas não têm nenhum tipo de fiscalização eletrônica. As resoluções 146 e 214 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determinam a obrigatoriedade de estudos sobre as vias, antes da instalação dos equipamentos.
"Um dos critérios para instalar radares, semáforos e qualquer outro equipamento tem de ser o número de acidentes e vítimas", diz o professor da Unicamp Diógenes Costa, especialista em engenharia de tráfego e legislação de trânsito. Mas 8 das 25 vias que mais registraram acidentes fatais nos últimos três anos não têm nenhum tipo de radar. Quatro delas são ruas e avenidas - quatro são estradas -, como a Engenheiro Armando de Arruda Pereira, no Jabaquara, na Zona Sul da cidade. Em 2008, houve 14 mortes no local, uma média superior a um acidente fatal por mês.
As outras vias desassistidas são a Doutor Assis Ribeiro e a Luís Ignácio de Anhaia Mello, ambas na Zona Leste, e a Avenida Guarapiranga, localizada na Zona Sul. Atualmente, essas vias são somente pontos de "rota fixa" da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que destina agentes periodicamente para controlar o fluxo local. A Engenheiro Armando de Arruda Pereira já conta com estruturas instaladas e aguarda somente a homologação da concorrência para que seja iniciada operação. Em relação às demais, a CET afirma que a Anhaia Mello está em obras, portanto não é possível instalar os equipamentos, e a Avenida Guarapiranga não deve receber fiscalização eletrônica, pois já há radares instalados na sua continuação, a Estrada do M Boi Mirim.
Trecho urbano
As outras quatro vias sem radares são trechos urbanos de rodovias que cortam a cidade: a Fernão Dias, a Bandeirantes, a Dutra e a Anhanguera. Com exceção da primeira, todas começam a ter fiscalização eletrônica fora do perímetro urbano da Capital - como a Dutra, que tem radar um quilômetro antes de se chegar à Capital, na cidade de Guarulhos. Uma das mais perigosas, a Rodovia Fernão Dias, está sem fiscalização eletrônica.
Além das vias que não têm nenhum tipo de fiscalização, outras das mais perigosas podem receber radares eventualmente, pois fazem parte do rodízio de equipamentos móveis da CET. É o caso da Avenida Robert Kennedy, na Zona Sul, que é atendida por três pontos de radar móveis.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 15 de abril de 2009

Categoria: Geral


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