Um exemplo é o caso filmado em Curitiba (PR). Em plena luz do dia, um motorista se irritou com um caminhão de uma floricultura parado no meio da avenida e agrediu o dono da loja. A filha do comerciante e outras duas mulheres revidaram e atacaram o rapaz. Quando tudo parecia terminado, ele voltou ao carro e atacou a filha do comerciante com uma caneta. Uma outra mulher usou um pedaço de madeira e o comerciante e o motorista voltaram a brigar. Seis pessoas tiveram que separar os dois. Ferida no olho pela caneta, a mulher ainda tentou evitar que o agressor deixasse o local. Mas ele foi embora antes da chegada da polícia.
São cada vez maiores os relatos de agressões no trânsito. Só em São Paulo, o disque 190 da Polícia Militar recebe por dia 400 registros. Seria maior ainda esse número se muitas pessoas não tivessem medo de prestar queixa.
Especialistas em trânsito dizem que a relação do brasileiro com o carro tem como referência sentimentos de status e poder. Dominar o veículo, ruas, impedir ultrapassagens são formas de exibição. E da combinação de problemas em casa, no trabalho e do trânsito caótico pode nascer a violência.
O psiquiatra da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) Júlio César Fontana Rosa alerta que casos de violência no trânsito podem acontecer até mesmo com pessoas que não têm antecedente de agressividade. "Em determinadas situações em que você tem um tempo para refletir, você deixa de realizar aquele ato. Algumas pessoas não conseguem ter essa reflexão. Nós temos que ficar atentos. O trânsito está nos levando a situações de impaciência em que nós estamos explodindo. Em São Paulo, por exemplo, já está difícil o sujeito aceitar que o carro da frente fique, por exemplo, dez metros longe do outro carro. Ele acha que aquele carro está atrapalhando a passagem dele", disse.
A partir de 1º de julho, quem se envolver em um acidente grave de trânsito terá a carteira suspensa e será obrigado a passar por exames físicos e psicológicos. Ficará a cargo da autoridade de trânsito local definir o que é um acidente grave.
Fonte: portal G1, 16 de junho de 2009