Em valor não ajustado, registra-se, para os quatro primeiros meses do ano, crescimento de 4,5% do varejo, que no mesmo período de 2008 havia sido de 11%, o que dá uma boa ideia de como o comércio varejista foi penalizado pela crise.
Os dados de abril parecem apresentar uma única anomalia em relação ao mesmo mês de 2008: um crescimento de 6,9% do volume de vendas. A explicação é muito simples quando se lembra que a Páscoa, no ano passado, caiu no mês de março e, neste ano, em abril, o que elevou nesse mês o volume de vendas nos supermercados.
Assim, o segmento de supermercados e produtos alimentícios, que tem o maior peso no levantamento das vendas varejistas do IBGE, apresentou crescimento de 0,8% (com ajuste sazonal) e de 14,1%, relativamente ao mesmo mês de 2008.
Trata-se de um dado que mostra que a economia atravessa uma fase em que as famílias, endividadas por compromissos vinculados à compra de habitação, estão dando prioridade às compras de primeira necessidade, como os alimentos. Todos os outros setores apresentaram queda, com a exceção do de material de informática e comunicações, tipicamente procurado por adolescentes. Ao contrário, em relação a março, com ajuste sazonal, registramos queda de 2% nas vendas de móveis e eletrodomésticos e de 2,4% nos artigos de uso pessoal e doméstico, que dependem do crédito.
No caso do comércio ampliado, que inclui veículos e material de construção, registra-se recuo de 4%, depois de dois meses de vendas elevadas.
Podemos considerar que a incerteza sobre como evoluirá a conjuntura (com desemprego ainda elevado em abril), o alto custo do crédito e, especialmente, os compromissos de longo prazo não favorecem as vendas varejistas.
Cumpre assinalar que a Federação do Comércio divulgou dia 16 de junho o índice de confiança do consumidor paulistano, que em junho cresceu 7%, a terceira alta consecutiva, o que se pode explicar em razão da esperança de que a economia melhore nos próximos meses.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 17 de junho de 2009