O ponto de ônibus da Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, em São Miguel Paulista, estava cheio. Vânia torcia para que um coletivo com espaço livre e com destino à Estação Artur Alvim, do Metrô, chegasse. Conseguiu entrar no terceiro veículo. Todos os lugares estavam ocupados e ela foi obrigada a viajar em pé. Ao chegar ao metrô, a advogada encarou a primeira fila: para utilizar a escada rolante. A próxima a esperava na plataforma. Como havia muitos passageiros, ela teve de esperar a terceira composição. "Prefiro passar o estresse do trânsito." Novo fretado
No dia 3 de julho, a viagem da advogada no fretado foi mais curta. A reportagem propôs que ela cumprisse a nova regra: ir de ônibus até a Estação Belém do Metrô, onde haverá um dos 13 bolsões para fretados. Trocar o conforto da poltrona pelo trem não foi fácil. "Não consigo suportar esse caos", desabafou, quando saía da Estação Brigadeiro, da Linha 2-Verde. Com a falta de espaço nos vagões, ela embarcou no segundo trem. Minutos depois, a primeira observação: "Se estivesse no fretado, estaria dormindo ou lendo um livro". Além disso, viajaria sentada. Como foi a viagem? "Uma experiência infeliz."
Carro
Vânia raramente retira o seu Celta da garagem durante a semana. A pedido do JT, ela aceitou dirigir por 35 km, distância que separa a sua casa do escritório na Avenida Paulista. Com exceção dos buracos, o percurso até a Radial Leste transcorreu normalmente. Bastou avistar o engarrafamento que a esperava para a advogada levar a mão à cabeça. "Está cruel hoje", disse. Naquela quarta-feira, a lentidão na Radial chegou a 9,5 km. "Essa justificativa de que a restrição dos fretados é para melhorar o trânsito não é plausível."
Fretado
O ônibus passa às 6h40. Vânia conta que prefere ir trabalhar de fretado pelo conforto, segurança e qualidade de vida. "Os ônibus municipais e o metrô são lotados. Há o risco de ser furtada e assediada", compara. No fretado, os 47 passageiros têm lugar marcado, em poltronas macias e reclináveis. "Sei que pegarei o ônibus e terei meu lugar. Irei sentada até a hora de desembarcar", conta. Entre os passageiros, há uma gestante. Durante o trajeto, há cerca de 15 paradas para embarque, dá tempo para ler, ouvir música, dormir e até se maquiar. "No transporte coletivo, dificilmente dá para fazer isso", diz.
Fonte: Jornal da Tarde (SP), 13 de julho de 2009