Na última semana, a marginal Tietê registrava 33,8 microgramas por metro cúbico de material particulado no medidor usado pela reportagem. Dentro do carro havia 30,4. Caminhões são os principais emissores do material.
Segundo o patologista Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, os dois valores estão acima do índice máximo recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que é 25. "Não há como fugir da poluição em grandes avenidas. O escapamento do carro da frente fica próximo das frestas de entrada de ar."
O material particulado é um dos produtos mais nocivos, porque, além de se depositar nos alvéolos (pulmão), causando e agravando doenças respiratórias, penetra no sistema circulatório e pode afetar vasos e coração.
Em avenidas com menos caminhões, os índices também não foram muito diferentes. Na Paulista, foram 15 microgramas por metro cúbico (fora) e 13; na 23 de Maio, 10 e 7, respectivamente. A Lins de Vasconcelos foi a única onde os valores se inverteram: 17 dentro e 10 fora. Este último caso é explicado pela presença de um ônibus parado bem próximo do carro da reportagem no momento da medição.
Segundo Flávio Luiz de Vasconcelos, diretor de climatização do Sindirepa (sindicato da indústria de reparação automotiva), a falta de manutenção do filtro de cabine - que filtra o ar que entra no carro - prejudica a qualidade do ar. "Há carros que chegam às oficinas com o filtro muito sujo, sem funcionar como deveria. A manutenção do filtro tem que ser a cada seis meses ou 10 mil km."
Fonte: Folha de S. Paulo, 22 de março de 2009