Pressa, preguiça de andar, certeza da impunidade. Independentemente do motivo, muitos pedestres paulistanos resistem a respeitar as regras de travessia segura. "Minha chefe não vai entender se eu chegar dez minutos atrasada", alega a educadora Fabiana Souza, ao explicar por que não atravessa na faixa. "Se estiver com pressa, vou procurar o caminho mais curto", diz o comerciante Juvenal Carvalho. As frases podem parecer apenas desculpas, mas, cinco semanas após o início do programa de proteção aos pedestres da CET, revelam o quanto os próprios interessados ainda não se conscientizaram sobre o assunto.
A impressão é confirmada por enquete feita pela Folha dia 14 de junho com 110 pedestres. Dos entrevistados - 60 na praça da Sé e 50 na av. Paulista -, 79 (72%) afirmaram descumprir ao menos uma das regras da travessia. Dos 67 (61%) que disseram saber da campanha da CET, 51 admitiram que nem sempre seguem as orientações. Indagados se sempre atravessam na faixa, nas esquinas onde existe, 41 (37%) disseram que não. Metade usou a pressa como justificativa.
A reportagem perguntou ainda se, nos locais onde há semáforo, os entrevistados esperam o sinal fechar para os veículos. Nesse caso, 31 (28%) admitiram que não. O semáforo do cruzamento da Sé com a rua Direita é um exemplo dessa situação. Instalado há três semanas, fica 45 segundos aberto para os veículos e 25 segundos para os pedestres - e grande parte destes não espera sua vez. Na opinião de um agente da CET que atua na Sé e não quis se identificar, os motoristas só estão parando nesse sinal por medo de multa.
Fonte: Folha de S. Paulo, 16 de junho de 2011
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