Esse caos que se instaurou nas vias das maiores cidades brasileiras não surgiu do nada. Com a grande oferta e a necessidade do ir e vir, pessoas que andavam de ônibus acabaram optando por comprar motos - gerando um aumento de 75% nos licenciamentos do setor, só entre 2001 e 2005, conforme apontam dados do Denatran - e assim, lotando as ruas.
O resultado disso são pessoas despreparadas circulando entre os carros (o que, vale ressaltar, não é proibido pelo Código de Trânsito Brasileiro), aponta reportagem do Diário do Grande ABC. E a única forma de reverter essa situação é por meio da prevenção e conscientização do condutor. "É necessário que o motociclista saiba adequar seu estilo ao ambiente de trânsito. Dessa maneira reduzirá, drasticamente, sua exposição aos riscos", afirma Dennys Riper, gerente de consultoria do Cepa (Centro de Prevenção de Acidentes).
Segundo Riper, em 77% das colisões é o motorista quem não vê o motociclista. "Em muitas vezes a moto está no ponto cego do carro, onde a visão do motorista não alcança (devido ao ajuste do espelho retrovisor, ou pela espessura do veículo) e isso acaba provocando a colisão", diz
Culpados à parte, o fato é que há uma extrema necessidade de conscientização hoje no trânsito brasileiro. "Em primeiro lugar, é necessário bom treinamento no CFC (Curso de Formação de Condutores) e conhecer as normas e leis de trânsito", ressalta Moacyr Paes, diretor executivo da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares). "Educação é primordial!", conclui.
Mas o fato é que a forma mais eficaz de barrar a imprudência é a fiscalização. "A parte mais sensível do ser humano é o bolso, perder a CNH é o caminho para que as pessoas cumpram o que é estabelecido", defende Paes.
Em resumo, o remédio é mesmo a conscientização de cada um. Como diz a música, "...depende de nós...".
Acidentes e suas conseqüências
O elevado número de motociclistas nas ruas aumenta não só o volume de trânsito, mas também os acidentes e, em consequência, as taxas de mortalidade de motociclistas. Conforme estudos da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), entre 2001 e 2005 a taxa subiu 540% - de 2% para 16,1%.
"Isso causa prejuízos para a Saúde pública, não só pelo custo de tratamento, mas também pela ocupação excessiva das unidades hospitalares. Para se ter uma ideia, 60% dos leitos das UTIs são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito. Desses, 40% são motociclistas", conta o doutor Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diretor do departamento de medicina de tráfego ocupacional da Abramet.
Para reverter esta situação, a Abramet defende a educação no trânsito desde a pré-escola, com estudos sobre a legislação de trânsito, conhecimentos das máquinas sobre rodas, além de mais rigor na concessão da Carteira Nacional de Habilitação.
Fonte: Diário do Grande ABC (SP), 15 de junho de 2011