O projeto FNM é de 1966, "época em que se fazia de tudo", diz. Auge da criatividade e ousadia automobilística brasileira, era comum montar um carro de carroceria em fibra de vidro, sobre chassi conhecido. Muitos talentos e modelos surgiram nesta ocasião.
A pedido da FNM, Rino Malzone tropicalizou as linhas do Mustang, e a fábrica garantiu a potente mecânica Alfa Romeo. Na ocasião, a estatal tinha a concessão de representar a marca italiana no país. O chassi saía da montadora no Rio de Janeiro, para receber a carroceria feita artesanalmente pela equipe de Malzoni em Matão, interior de São Paulo. Recebeu o nome de Onça, pela sua felina agressividade. "Carro que anda muito, faz curva que é o demônio. Mas para frear o motorista se torna refém, precisaria desenvolver mais."
Foram fabricadas, provavelmente, cinco unidades.
Oficialmente, pelas pesquisas de venda de fábrica feitas pelo restaurador, só houve saída para São Paulo, mesmo que a fábrica ficasse no Rio. Diz que não é impossível que, com o fim da fábrica, alguém tenha montado a última unidade de forma não oficial, "mas aí não tem como ter certeza sobre o carro".
Quando a fábrica italiana soube do projeto, que além do seu motor ainda ostentava sua marca na grade dianteira, o cuore, queria suspendê-lo. Para não acabar de imediato com a graça dos brasileiros, pediu que mandassem para a matriz algumas unidades para teste. O relacionamento Alfa Romeo e FNM já estava estremecido, resultou com o objetivo alcançado de qualquer forma. Portanto, felizes aqueles que podem desfrutar da beleza deste felino em ocasiões especiais.
A reportagem agradece a Ricardo Oppi. Foto de Jocelino Leão.
Fonte: www.antigomotors.com.br, 14 de junho de 2011