Os dois grupos apontam riscos nas portas como resultado de carros grandes e pequenos lado a lado, em vagas pequenas. A origem da confusão pode estar em 1992, quando foi regulamentado o Código de Obras da prefeitura. Nele, está definido que vagas pequenas ("p") terão no mínimo 2 m de largura e 4,2 m de comprimento - medida menor que a de carros lançados muitos anos depois, como Corolla ou Honda Civic. Algumas construtoras tentam fugir dessas medidas para dar mais conforto, mas o setor imobiliário aponta barreiras como o aumento do custo dos empreendimentos. O Código de Obras estabelece ainda que 50% das vagas que o prédio obrigatoriamente precisa ter - uma para apartamentos de até 150 m2, por exemplo - sejam pequenas. Outros 45% de "m" - medida que comporta hoje boa parte dos utilitários - e apenas 5% "g" - para utilitários maiores e minivans.
Se esses parâmetros permanecem desde 1992, o que teve, sim, uma alteração foi a venda de utilitários. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o segmento vendeu 128 mil unidades naquele ano, enquanto que em 2008 foram 477 mil no País.
As dificuldades para estacionar já fizeram surgir empresas que fazem readequação de garagens. Sidnéia Menezes, da Construsinal Serviços de Sinalização, afirma que o principal problema que verifica são as demarcações erradas. "Há vagas irregulares. Já achei até com apenas 3,10 m de comprimento", afirma. A contratação de manobristas para minimizar os problemas nas garagens é tida como uma alternativa. Mas os condomínios preferem apostar no entendimento entre os moradores - nem sempre possível.
Fonte: Folha de S. Paulo, 3 de maio de 2009