Reginaldo e seu pai, José Pereira, afirmam cuidar de cerca de 30 carros por mês. O cliente deixa a chave com eles, que manobram e entregam o carro na porta do escritório. "Nosso trabalho é organizar a rua para sempre ter vaga", diz Reginaldo. A diária custa R$ 5,00. Por mês, são R$ 60,00. "Mas a gente negocia, já chegamos a cobrar até R$ 80,00."
A funcionária de um banco afirmou que ninguém consegue vaga se não entrar no esquema. "Eles estacionam os carros dos clientes com distância maior, de modo a ocupar mais espaço na rua. Quando surge outro carro, apertam um pouco mais."
Outros dois flanelinhas, Valdir e José, disseram que é "só chegar" que eles conseguem vaga. Dizem ter clientela de 50 carros, com mensalidade de R$ 90,00 - ou seja, faturam quase dez salários mínimos mensais.
"A rua é pública e eles não têm esse direito", afirma o porta-voz da Polícia Militar, capitão Emerson Macera. Desde o ano passado, o Ministério Público Estadual (MPE) tem trabalhado com uma média de 20 reclamações contra esse tipo de serviço por mês.
O MPE tem caracterizado a função dos flanelinhas como "exercício ilegal da profissão". Nenhum inquérito foi aberto e os casos viram "termos circunstanciados", com penas de 15 dias a três meses de reclusão ou multa. Quando comprovado o pedido de dinheiro com ameaça, podem responder por extorsão, cuja pena varia de quatro a 10 anos de prisão.
O porta-voz da PM afirma que a corporação coíbe a extorsão, mas admite dificuldades. "Se não prendemos em flagrante, fica quase impossível agir", diz Macera.
Fonte: Jornal da Tarde (SP), 3 de maio de 2009