Tem sido assim desde 1988, quando a lei de polos geradores de tráfego foi criada. A construtora WTorre, no entanto, entrou na Justiça para fugir dessa regra e se livrar do ônus de implantar melhorias no entorno do WTorre JK, um complexo de 402.000 m2 que está sendo erguido entre a Marginal Pinheiros e as avenidas Juscelino Kubitschek e Chedid Jafet, na Vila Olímpia. Hoje, o quarteirão abriga a Daslu e um edifício de escritórios. Até 2011, terá também o Shopping Iguatemi JK, um hotel cinco-estrelas, uma torre comercial e seis pisos de estacionamento, com 7.858 vagas.
O terreno foi adquirido pela WTorre há pouco mais de dois anos, por R$ 385 milhões. Segundo a Veja São Paulo, em 2007, a construtora pediu à Prefeitura para construir mais que o permitido pelo zoneamento da região. Para isso, comprou R$ 90 milhões em certificados de potencial adicional de construção (Cepacs). Essa contrapartida não elimina suas pendências com a CET, que elaborou uma lista com cerca de 70 obras viárias, da instalação de semáforos e placas de sinalização à implantação de um viaduto e de dois túneis. A WTorre sustenta que caberia à Prefeitura utilizar o dinheiro dos Cepacs para melhorar o trânsito. Por isso, em 20 de fevereiro, entrou com um pedido de liminar para obter o habite-se sem precisar realizar as obras, estimadas em R$ 80 milhões.
Estima-se que, quando estiver concluído, o WTorre JK despeje nas ruas até 6.000 veículos entre as 18 e as 19 horas nos dias úteis. "Seriam necessárias seis faixas livres de tráfego só para absorver esse impacto", acredita o engenheiro de tráfego Horácio Figueira. A única melhoria que a WTorre se dispõe a fazer é construir uma minirrodoviária para 21 ônibus no subsolo de um dos novos edifícios.
Para o secretário Alexandre de Moraes, o viaduto, os túneis e os semáforos não ajudariam apenas os motoristas que já circulam pela área, mas, principalmente, os usuários do complexo. "De acordo com nossos cálculos, quem estiver de carro dentro do conjunto demorará de 40 a 50 minutos só para sair da garagem nos horários de pico", afirma ele.
Fonte: Revista Veja São Paulo, 18 de março de 2009