"São carros de hóspedes em situação temporária. Infelizmente, acontece. Alugamos um edifício garagem, próximo, para estacionar os carros, mas quando o hotel está lotado, infelizmente, acabam vindo para a calçada. Isso acontece em toda a orla. Mas o hotel assume qualquer multa caso ocorra. O hóspede apresenta a multa e a gente paga", explica a assessoria do hotel.
A Guarda Municipal garante manter fiscalização diária para coibir o estacionamento irregular na orla da Zona Sul. Nos últimos três meses, desde quando Eduardo Paes assumiu a prefeitura, a corporação registrou 812 infrações por estacionamento proibido ou em filas duplas na orla de Copacabana. Em Ipanema, durante o mesmo período, mais 240 multas foram aplicadas por estacionamento irregular. Durante a gestão Paes, até o dia 27 de fevereiro, em balanço da Secretaria de Ordem Pública, foram rebocados 4.225 veículos em toda a cidade, o que resulta na média de 76,8 carros a cada dia.
Estacionamento subterrâneo é parte da solução
A falta de vagas para automóveis na Zona Sul do Rio é um caso difícil de ser resolvido, já que a maioria dos prédios erguidos até meados do século passado não dispõe de garagem - naquela época, era pequeno o número de carros nas ruas. Com a explosão da indústria automobilística, os veículos passaram a ser estacionados nas vias. Um recurso para minimizar o problema seria a construção de garagens subterrâneas nas praças. "A Zona Sul tem um déficit grande de vagas por causa dos prédios antigos. A construção de estacionamentos embaixo das praças poderia ser uma solução. Não resolveria o problema de todos, mas atenderia parte da demanda. Na Espanha, quase todas as praças têm estacionamento subterrâneo", analisa Paulo Cezar Ribeiro, professor de engenharia de transporte da Coppe-UFRJ.
A solução, porém, parece ser de difícil realização, já que as obras causariam transtornos. Ribeiro acha que parte da culpa é de quem autorizou a construção de hotéis sem pavimentos com vagas para veículos de hóspedes e funcionários. Edifícios-garagem são vistos pelo professor como uma solução cara e ineficiente. Uma das saídas apontadas por ele é que os hotéis construídos daqui para frente tenham estacionamento, se não para todo mundo, ao menos para parte dos hóspedes.
O aperto por que passam os hotéis da orla para conseguir disponibilizar vagas para os carros dos seus hóspedes tem duas origens. Uma é a ausência de garagens na maior parte dos prédios da Zona Sul. A outra é a mudança no perfil do turista mais disputado por hotéis de todo o mundo: aquele que viaja a negócios. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, diz que este tipo de visitante costuma alugar um automóvel assim que desembarca do avião, o que não acontece frequentemente com o turista que vem a passeio. Lopes sugere a criação de vagas na porta dos hotéis como uma das soluções. Ele revela que, além de muitas vezes oferecerem vagas próprias, os estabelecimentos têm ou alugam garagens próximas.
Fonte: Jornal do Brasil (RJ), 13 de março de 2009