Os urbanistas e "transporteiros" verberam contra o uso do automóvel como meio preferencial das pessoas com renda para a movimentação urbana, embora - em geral - sejam usuários do mesmo.
As forças a favor do automóvel, no entanto, parecem ser vitoriosas, com um aumento sucessivo das frotas. No Brasil, assim como na China, a indústria automobilística já superou a crise, desejando diariamente milhares de novos carros na rua.
Passam a requerer mais vias para circulação e mais vagas para estacionar seus veículos. O resultado é um aumento dos congestionamentos e dificuldades para estacionar.
A nova resposta da indústria automobilística e dos usuários é a redução no tamanho dos automóveis, com duas linhas distintas. De um lado os minicarros de luxo, como o Smart e o Mini Cooper. Com valores superiores a R$ 50.000,00. De outro, minicarros populares, como o 147 da Fiat, e a promessa do Nano. Para alcançar valores abaixo de US$ 5.000,00.
Com um volume menor estariam ocupando menos áreas nas vias públicas, podendo contribuir para a redução dos congestionamentos.
E o estacionamento?
Ocuparão menos espaço nas vagas públicas, mas poderiam ainda ocupar menos se fosse permitido o estacionamento a 90 graus. O Poder Público poderá reservar vagas especiais a 45º, como hoje já ocorre com motos.
Como será o tratamento dos mínis dentro dos estacionamentos pagos?
Terão vagas próprias no caso de autosserviço? Terão tarifas diferenciadas?
De início não, pois serão exceção e mais objetos de curiosidade do que de provocação de mudanças significativas nas políticas e negócios de estacionamento.
Ainda é cedo para dizer que se trata de uma nova tendência que irá se consolidar e marcar uma nova era da indústria automobilística, depois da grande crise de 2008/09, ou se será mais um modismo na busca de inovações.
A moda atual é dos SUVs, já em fase decrescente nas economias mais desenvolvidas, porém com franco crescimento em países como o Brasil. O momento não é de encolher, mas de crescer o tamanho dos automóveis. Um volume maior que continua ocupado, predominantemente, apenas por uma pessoa.
Os nanos não terão condições de "emplacar" no Brasil se forem caracterizados como "carro de pobre". No entanto, se passar a ser uma opção dos ricos, poderá cair no gosto popular. Favorecendo uma invasão chinesa.
Mas a Toyota já tem um projeto pronto na linha do miniluxo. A Renault-Nissan está desenvolvendo um minipopular.
Para o usuário de veículos parece que a solução não está na migração para o transporte coletivo ou para a bicicleta. Está na minimização do tamanho do seu veículo, mas com conforto e segurança. Ainda que mais caro.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.