Segundo a pesquisa mensal Pulso Brasil de abril, 26% dos 1.000 entrevistados não leram nem ouviram falar de alguma crise econômica. E, para 55% do total, a crise não afetou seu cotidiano. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
"O resultado é bom por dois motivos. Primeiro porque mostra que os efeitos (da crise) não tocam a sociedade como um todo, não são amplificados. E segundo porque, se não afeta, a pessoa tem uma vida normal, segue consumindo", explicou Paulo Francini, diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas Econômicas) da Fiesp.
Para ele, o caso não é de falta de informação da população acerca da crise. "Se fosse, o cara falaria que não ouviu falar de crise mas saberia que algo está errado, seja porque tem menos trabalho ou porque o vizinho foi demitido, entre outros efeitos que a crise traz."
Dentre os 45% que sentiram efeitos da crise, os maiores problemas citados foram o aumento dos preços dos alimentos (41%), o desemprego (25%) e a redução do poder de compra (8%). Já os maiores temores com a crise são não poder honrar compromissos financeiros (23%), perder o emprego (23%) e redução do rendimento da família (18%).
Os maiores temores, disse o diretor da Fiesp, mostram que a crise só será efetivamente sentida pela população quando a renda for atingida com severidade. E não basta uma redução do emprego para que isso ocorra.
"A perda de vagas formais está descolada da renda. O mercado informal é um escoadouro, o cara perde o seu emprego formal e vai para o informal. A renda dele não se alterou, embora não tenha mais emprego", disse Francini. "É diferente dos EUA, onde o trabalhador perde o emprego, pega o seguro-desemprego e fica em casa."
Fonte: Folha Online, 8 de maio de 2009