Especialistas consideram que um tripé de causas responde pelo fenômeno. O primeiro ponto é o ganho de qualidade das rodovias; o segundo, aumento da frota de veículos; e o terceiro, adensamento das ocupações ao longo das próprias estradas ou bairros próximos, de diversas cidades, principalmente em condomínios fechados que atraem compradores oferecendo "qualidade de vida".
Pela facilidade de acesso, empresas também respondem por parte da demanda. Áreas típicas desse tipo de expansão imobiliária são Granja Viana, cortada pela Rodovia Raposo Tavares, bairros de Osasco e Vinhedo, perto da Anhanguera. Segundo a OD, o VDM apresentou aumento em sete das dez rodovias analisadas. São elas: Fernão Dias (campeã do crescimento, 126%), Presidente Dutra (119%), Anhanguera (92%), Bandeirantes (33%), Régis Bittencourt (83%), Imigrantes (34%) e Raposo Tavares (33%). Só Castelo Branco, Anchieta e Ayrton Senna tiveram redução no volume de veículos, de 4%, 8% e 36%, respectivamente. "As estradas passaram a ter característica de vias de curta distância. Viraram grandes avenidas", diz o doutor em Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende.
"Há um processo de suburbanização (crescimento das cidades, para fora dos limites) muito grande em torno da capital. As classes A e B passaram a ocupar grandes condomínios fechados, ao longo das rodovias. Já C e D, residentes em municípios menores, tiveram o poder aquisitivo melhorado e começaram a ter acesso a veículos". Com a maioria dos empregos e as boas faculdades concentradas na Capital, a consequência, diz ele, é a "explosão" dos congestionamentos nas estradas. É no sistema Anhanguera/Bandeirantes, que liga a capital a Região Metropolitana de Campinas, que o processo de conurbação - ligação entre manchas urbanas, que somam 22 milhões de habitantes - é mais intenso. Não por acaso, são essas as duas rodovias que respondem pelo maior movimento de veículos que vêm de fora para a capital - 131 mil por dia em 2007, frente a 88 mil em 1997. Na Granja Viana, próxima ao Butantã e cortada pela Raposo, não há limites visíveis entre cidades ou bairros. Nos últimos 20 anos, foram lançadas 9 mil unidades residenciais na área, diz Hélio Alterman, diretor de imobiliária.
Fonte: Jornal da Tarde (SP), 3 de abril de 2009