Na média, 45% dos habitantes da Grande SP utilizam carro, enquanto 55% andam de ônibus. No ABC, essa relação é de 53,5% usuários de carro para 46,5% usuários de transporte coletivo. Há dez anos, na última divulgação da pesquisa Origem/Destino, as regiões de Osasco e Mogi das Cruzes também tinham mais da metade da população andando de carro. Entretanto, esse percentual diminuiu de lá para cá. No ABC, a variação foi pífia, e a região virou a única com predomínio do automóvel, moto ou táxi. Na conta não estão deslocamentos a pé ou de bicicleta.
Uma das explicações é que não há sistemas de transporte de alta capacidade interligando a própria região. O que existe é a ligação parcial com o centro da Capital, com a linha 10-turquesa da CPTM e com o corredor São Mateus-Jabaquara, da EMTU, sem baldeação gratuita com ônibus (há só em Diadema). A mais populosa, São Bernardo, não tem estação de trem. "O metrô ajuda o transporte coletivo de superfície", diz o vice-presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Rogério Belda. Ele diz que o sistema de grande porte motiva o usuário a também usar ônibus, o que sobe o uso do transporte coletivo. Diz ainda que o ABC, pelo maior poder aquisitivo, tem mais pessoas que podem optar por carros. "Inclusive carros cedidos pelas empresas." O engenheiro Luiz Sérgio Mendonça, da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), diz não haver corredores adequados nem terminais atrativos na região. Cerca de 78% dos habitantes do ABC também trabalham na região, de acordo com a pesquisa Origem/Destino. Eles não saem de lá, portanto, não utilizam o trem da CPTM.
Fonte: Agora São Paulo, 6 de abril de 2009