A pesquisa levou em conta cinco faixas de renda familiar mensal, variando entre quem recebe até R$ 760,00 e os que ganham mais de R$ 5,7 mil. Considerando a média do tempo consumido em todos os modos - transporte coletivo, individual, a pé ou de bicicleta -, as pessoas com menor renda gastam 37 minutos nas viagens, enquanto as do outro extremo, 34. A maior média de tempo ficou entre as pessoas de família com renda entre R$ 760,00 e R$ 1.520,00 e entre R$ 1.520,00 e R$ 3.040,00, que gastam 41 minutos.
Um dos motivos para essa igualdade foi o aumento - ainda maior - na duração das viagens em transporte coletivo por pessoas da faixa de renda familiar mais elevada. Em relação à edição anterior da OD, em 1997, esse grupo teve um acréscimo de quase dez minutos no tempo de viagem em ônibus e trens - passando de 50 para 59 -, enquanto para a faixa com renda de até R$ 760,00 passou de 64 para 67. As faixas intermediárias de renda gastam entre 63 e 71 minutos.
As médias de tempo são ainda mais parecidas quando o meio de transporte é o individual - carros e motos. No extremo de renda inferior, as pessoas costumam gastar 29 minutos em suas viagens, somente dois a menos que o extremo oposto. Há também pouca variação nas outras três faixas de renda, em que o tempo gasto varia entre 31 e 32 minutos.
Quando se trata de viagens feitas a pé, a duração varia entre 14 e 18 minutos, sendo que acontece uma queda na média dos tempos à medida que a renda aumenta. As classes com menor renda são as que mais gastam tempo se locomovendo com bicicletas - em média, 27 minutos - mas as pessoas de renda familiar superior a R$ 5,7 mil apresentaram média de 23.
O tempo gasto nos percursos também custa dinheiro e bem-estar. De acordo com uma pesquisa ainda inédita do economista Marcos Fernandes, do Centro de Estudos de Processo da Decisão, da Fundação Getulio Vargas (FGV), os paulistanos com salários de R$ 5,7 mil vão perder nos próximos 30 anos R$ 3,5 milhões cada um. "Cada hora tem um valor econômico. Essa quantia total é o valor presente do dinheiro que as pessoas deixariam de ganhar." Para quem recebe R$ 760,00, o prejuízo é de R$ 1,5 milhão.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 3 de abril de 2009