Dono de uma lanchonete no Bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte, Paulo Henrique Pedrosa Aguiar fez estoque de R$ 2 mil em moedas para não passar aperto com a falta da nota de R$ 1. "Está muito difícil conseguir troco. Já gastei a metade do que tinha guardado", afirmou. A justificativa para o sumiço é que as pessoas não gostam de moeda e, por isso, preferem guardar em casa. E ele mesmo é um exemplo. "Vou juntando num porquinho e, sem nem perceber, tenho muito dinheiro. E, à medida que vou precisando na lanchonete, vou trazendo de casa", conta.
"As moedas viram objetos dos poupadores. Por isso, o comércio tem dificuldade de troco. Vejo com preocupação o fim da nota de R$ 1", reforça o economista da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Fernando Sasso. O BC informou que a cédula já não é produzida desde março de 2006. A previsão é de que, até o fim do ano, desapareça definitivamente. Segundo o BC, em 1994, ano em que o Plano Real entrou em vigor, o Brasil tinha em circulação 267,8 milhões de cédulas de R$ 1 e 181,6 milhões de moedas de igual valor. Em 2004, na comemoração de uma década, eram 676,6 milhões e 241,7 milhões, respectivamente. Agora são 171,5 milhões de notas e exatas 1.394.734.165 moedas.
Parte delas está nos dois porquinhos engordados pela família de João Magno de Jesus. Um deles alimentado somente por moedas de R$ 1 e outro pelas de R$ 0,25 e R$ 0,50. "Nós juntamos e, quando ele enche, troco no comércio. Os lojistas ficam superfelizes, porque é um alívio para a falta de troco", afirma.
"O comércio teve três marcos. O primeiro foi o Código de Defesa do Consumidor, o segundo foi a abertura para o comércio internacional e o terceiro, e mais importante, o Plano Real. Realmente, faltam notas de R$ 2 e R$ 5 também. Mas é uma fase de adaptação", avaliou o economista da Federação do Comércio (Fecomercio) Fábio Pina. Hoje, a nota com maior volume de cédulas em circulação, conforme o BC, é a de R$ 50 (1,22 bilhão), seguida da de R$ 2 (633,5 milhões), R$ 10 (586,8 milhões), R$ 20 (475,1 milhões), R$ 5 (360,2 milhões) e R$ 100 (207,9 milhões).
Fonte: portal UAI (MG), 6 de julho de 2009