Parking News

Jorge Hori *

No pós-crise financeira internacional retornou o interesse das montadoras de automóveis pelo carro elétrico, seja puro ou híbrido.
Faz parte de uma tendência por uma economia mais sustentável, menos consumidora de derivados de petróleo.
Sempre cercada de ilusões que se evidenciam quando implantada em escala industrial, ou seja, de grandes volumes. É comum na História o surgimento de panacéias que vão salvar o mundo ou a Humanidade, mas na prática carregam também efeitos negativos.
Uma substituição efetiva é a da gasolina pelo etanol. O que já ocorreu em grande escala no Brasil, depois de mais de 30 anos. Com contestações pela suposta substituição da produção de alimentos básicos pela cana. Além dos problemas ambientais no solo e nas águas. Isto é, reduz o impacto ambiental de um lado e aumenta de outro.
Essa contradição ficou ainda mais evidente nos EUA, onde o etanol é produzido com milho. Nesse caso há um desvio maior de alimentos para energia.
O carro elétrico está ainda em fase experimental, com o seu relançamento, depois de fracassos e suspensão de fabricação pelas grandes montadoras. Tem um interesse midiático, a partir da possibilidade de uma conversão doméstica e de recarga domiciliar. Como ocorre com o telefone celular.
A expansão do telefone celular poderia ser tomada como um exemplo de um produto que em pouco tempo tomou conta do mercado. Porém, há uma diferença. O sistema anterior não era móvel. O automóvel já é móvel. Aqui se trata da substituição de uma fonte de energia por outra.
Entre o lançamento dos primeiros novos veículos elétricos, pelas grandes montadoras, até a sua extensão a grande parte da frota poderão mediar muitos e muitos anos. Mas, dado o volume da frota de veículos, uma substituição parcial poderá ter um grande impacto sobre a matriz energética.
Dois são os pontos críticos que ainda restringem o uso do carro elétrico: o elevado custo das baterias e a recarga. Com a sua eventual expansão um terceiro problema surgirá: a disponibilidade de eletricidade para abastecimento de uma imensa frota. E ocorrerá ainda o problema da reciclagem das baterias.
Para dar maior autonomia aos carros elétricos, a tecnologia busca ampliar a autorrecarga, como já ocorre com as baterias comuns atualmente instaladas nos veículos. As autonomias ainda são baixas e os custos, elevados.
As soluções mais simples e menos onerosas estão em baterias recarregáveis em tomadas comuns (como ocorre com a recarga de telefones celulares), mais lentas. Para isso, uma das soluções aventadas é fazer de estacionamentos postos de recarga de veículos elétricos.
O que parece simples, para atendimento de poucos e esporádicos casos, passa a requerer soluções mais complexas quando o atendimento precisa ser massificado.
O estacionamento precisa ter uma rede elétrica de abastecimento, com entradas apropriadas para a energia. E qual será a tarifa do estacionamento? Consumo domiciliar ou comercial? Fará carregamento nos horários de pico? Poderá cobrar pelo suprimento de energia? Com preços diferenciados em função do horário? Como separar a conta de eletricidade, em condomínios?
Para os terrenos mais amplos uma solução é a floresta elétrica, com postes imitando árvores com a copa com placas solares (que podem ser móveis, acompanhando o movimento do sol) gerando eletricidade para o abastecimento direto dos veículos estacionados, ligados a tomadas na base dos postes. A solução é interessante, mas terá de passar pelo teste da viabilidade econômica.
Com uma nova tentativa de viabilizar o carro elétrico, os estacionamentos são candidatos naturais a serem os postos de recarga, para os veículos de maior permanência durante o dia (ao menos meio período).
A oferta de recarga poderá ser um diferencial de serviços para angariar mais clientes de permanência longa, desde que o estacionamento disponha de áreas ociosas. Como ocorre em garagens de grande capacidade, ligadas a eventos.
Não são soluções de curto prazo, tampouco ocorrerão de forma avassaladora, mas é uma tendência a ser considerada nos planejamentos estratégicos.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


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