Mas, e se as empresas fossem capazes de saber para quais linhas e em quais momentos são necessários mais veículos? Mais do que isso, se eles conseguissem visualizar esses dados em tempo real e enviar carros extras para os trechos mais movimentados? Inicialmente implantadas apenas em terminais de ônibus, como o terminal Retiro em Buenos Aires (Argentina), o terminal rodoviário de Brasília (Brasil) e a estação de ônibus Delicias (Espanha), as câmeras de videomonitoramento começam a ser instaladas dentro dos ônibus. Graças ao uso de equipamentos digitais, que disponibilizam as imagens via rede, a população passa a contar com uma nova ferramenta para melhorar o serviço, capaz de contar o número de usuários em tempo real, reduzir fraudes e gerar provas com alta qualidade de imagem. A tecnologia já permite que ônibus instalem câmeras próximas às portas para contar quantas pessoas subiram ou desceram do ônibus. Caso a quantidade esteja se aproximando do limite, é possível que a empresa destine automaticamente um veículo vazio para aquela linha, evitando superlotações.
Em paralelo, no final do mês, esses dados são úteis para realocar veículos e redefinir a oferta regular de ônibus. Além disso, as câmeras nos ônibus podem ser integradas ao sistema de bilhetagem para identificar se alguma pessoa pulou a catraca ou entrou pela porta de saída sem pagar. Em paralelo, como boa parte dos serviços de transporte coletivo urbanos conta com subsídio do poder público, o uso de câmeras para inibir fraudes e provar a real quantidade de pessoas que utilizaram o sistema é uma forma de a sociedade controlar melhor o funcionamento desses espaços itinerantes e amplamente descentralizados. Tudo isso sem contar que o videomonitoramento, em muitos casos, inibe delitos.
Um dos maiores projetos mundiais de videomonitoramento em ônibus é o de Madrid, na Espanha, que atende mais de 1,5 milhão de pessoas todos os dias. A empresa EMT controla mais de dois mil ônibus equipados com quatro ou cinco câmeras digitais cada um. A EMT acessa as imagens em tempo real, podendo se comunicar com os motoristas, e todas as imagens vão para uma central de alarmes.
Na Itália, a empresa pública ATR, operada pelas autoridades da província de Forlì-Cesena, já conta com 700 câmeras digitais no interior tanto de ônibus urbanos quanto metropolitanos. O objetivo do projeto, além de garantir a segurança dos usuários, era evitar depredação do patrimônio público, ajudando a deter comportamentos antissociais e atos ilegais. A empresa agora considera expandir o projeto e incluir inteligências como contagem de pessoas. Esses exemplos são provas de que gerentes de TI, usuários do transporte público e representantes do governo têm bons motivos para sorrir e filmados por uma câmera dentro de um ônibus.
Fonte: DCI (SP), 6 de setembro de 2013