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O trânsito é sempre um assunto polêmico. E, muitas vezes, encontra na figura do motociclista o culpado pela quantidade de acidentes que ocorrem nas vias da cidade. Até agora. De acordo com a pesquisa ?Causas de Acidentes com Motociclistas?, feita pelo Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São (FMUSP) a pedido da Abraciclo, associação brasileira do segmento de duas rodas, motociclistas e motoristas têm a mesma parcela de responsabilidade (ou de culpa) nos acidentes analisados. A reportagem é do site Infomoto.
A pesquisa, que utilizou a Zona Oeste de São Paulo como amostra, coletou dados de acidentes viários envolvendo motocicletas que aconteceram entre os meses de fevereiro e maio deste ano. ?O mais surpreendente foi a participação igualitária entre motociclistas e motoristas nos acidentes?, comenta Osvaldo Negrini Neto, perito criminal aposentado e professor de Física da Academia de Polícia de São Paulo, que colaborou com o estudo da Abraciclo.
No levantamento, de acordo com o quesito ?Culpabilidade Agregada?, são quatro os fatores que dividem a responsabilidade nas casualidades que envolvem os motociclistas. Nele, carros e motos aparecem com 37% de culpa nas colisões, cada um, enquanto problemas com veículos totalizam apenas 8% e ? talvez este seja o dado mais alarmante ? 18% da culpa nos acidentes de trânsito se devem às condições da via. ?Às vezes a sinalização de PARE, por exemplo, não está legível no chão ou um motociclista acaba se envolvendo em um acidente para desviar de um buraco. Nesses casos, se atribui culpa também à via?, explica o perito.
Motoboys e corredores
Outro dado polêmico da pesquisa é a baixa porcentagem de motofretistas envolvidos em acidentes. De acordo com os dados, a grande maioria dos acidentados (73%) utiliza a moto como meio de transporte, pilotando em média duas horas por dia, enquanto apenas 23% deles trabalham com ela e passam pelo menos oito horas do dia ao guidão. ?Os motoboys estão mais cuidadosos para pilotar. Em função de sua experiência sobre duas rodas também são mais prevenidos?, diz Negrini.
Proibir o corredor não é visto como solução pelos especialistas
Já na parte do estudo que relata as condições de ocorrência do acidente, o alto índice de colisões laterais (48%) perto das traseiras e frontais (29%) e das transversais (23%) não surpreende. Porém, para quem acha que a proibição da circulação de motos entre as faixas, o chamado corredor, extinguiria a estatística de batidas laterais, o perito criminal discorda. ?A pesquisa mostra que proibir o corredor só vai transferir as colisões para outra zona?, afirma, apontando que o índice de choques traseiros e frontais aumentaria.
Conscientizar é o caminho
Erradicar os acidentes de trânsito talvez seja utopia. Entretanto, os especialistas concordam que precisa haver adequação nas vias. ?As vias não são planejadas para moto andar?, reflete o perito Osvaldo Negrini Neto, que também defende iniciativas como as moto-faixas e faixas de retenção como ideias cruciais para redução nos acidentes. ?Elas ajudam a impedir a interceptação de trajetória das motos?.
Para Wilson Yasuda, essas reformas também precisam ser divulgadas. ?Precisa haver campanhas de conscientização para todos que utilizam a via. Faixas de retenção, por exemplo, não têm divulgação?, comenta Yasuda, se referindo ao desconhecimento da população sobre os ?bolsões? que concentram os motociclistas na frente dos carros e dão prioridade nas saídas dos semáforos.
O coordenador da Comissão de Segurança Viária da Abraciclo vai além e defende mudanças também na forma como motoristas e motociclistas são preparados.
Fonte: Infomoto, 6 de setembro de 2013

Categoria: Geral


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