Os demais podem ser, por exemplo, veículos de garagem. Além disso, o contingente de veículos registrados, mas que não circulam diariamente, pode ser amplo. Por exemplo, 15% da frota tem mais de 25 anos - são carros antigos, muitos dos quais podem estar quebrados. Sem falar naqueles adquiridos apenas para escapar do rodízio municipal - e que rodam uma só vez por semana.
Bases da pesquisa
A Folha de S. Paulo destaca que a estimativa feita por Carlos Eduardo Paiva Cardoso, que trabalha na CET e é mestre em engenharia de transporte pela USP e doutor em serviço social pela PUC-SP, é baseada na interpretação de alguns dados coletados em pesquisas Origem/Destino do metrô paulista, a última delas de 2007. O estudo, ao ver indícios de que apenas um terço da frota de carros circula por dia, pode revelar um potencial imediato de piora dos congestionamentos - que também ajuda a explicar um pouco a instabilidade do trânsito de alguns momentos para outros. "A frota registrada no Detran não caberia nas ruas nem a pau. Mas há uma demanda reprimida. Sempre pode piorar. É por isso que, em dia de greve no transporte coletivo, os congestionamentos aumentam tanto", afirma Flaminio Fichmann, consultor de tráfego que trabalhou na CET nos anos 1970 e 1980. Ele concorda com a avaliação de que a expansão do sistema viário, como a ampliação em andamento da marginal Tietê, deve estimular os veículos pouco utilizados a saírem mais das garagens. "Mas não sou contra. Se fosse assim, não adiantaria fazer mais nada no trânsito, porque tudo que for feito também pode congestionar no futuro."
Particulares
A estimativa do engenheiro da CET está concentrada nos automóveis particulares e não abrange, por exemplo, táxis, motocicletas, veículos de empresas prestadoras de serviços ou aqueles de fora da Grande São Paulo. Não é à toa que, oficialmente, a companhia divulga um cálculo médio de 3,5 milhões de frota circulante na capital paulista - o número representa 53% do total registrado no Detran. Nesse caso, são considerados todos os tipos de veículo (não só carros, mas motos, caminhões, ônibus) e também os de fora de São Paulo que estão apenas de passagem - e que, na avaliação do especialista Alexandre Zum Winkel, representam um impacto significativo no trânsito.
Estudo independente
A CET informou que a estimativa de 1,5 milhão de automóveis circulando por dia na capital paulista é resultado de estudo "independente" feito por Carlos Eduardo Paiva Cardoso e que não tinha informações suficientes a respeito para fazer uma avaliação.
A CET diz que a sua estimativa de 3,5 milhões de veículos que circulam por dia (incluindo todos os tipos e também os de passagem) é feita a partir de medições em algumas vias. Cardoso usou como referências a Origem/Destino do metrô (a mais importante pesquisa de transporte da Grande São Paulo, a partir de entrevistas). Essa pesquisa identifica a quantidade de viagens por tipo de transporte, mas não a de veículos. Para transformar os dados, Cardoso partiu da hipótese de que a maioria absoluta dos motoristas dirige um só carro ao longo do dia e que um carro não é dirigido por mais de uma pessoa no mesmo dia.
Fonte: Folha de S. Paulo, 26 de outubro de 2009