Uma das medidas aparentemente óbvias para aumentar o uso do transporte coletivo em substituição ao carro vinha sendo pouco considerada.
Em diversas partes do mundo, ao se construir o metrô é usual a construção conjugada de garagens subterrâneas, de tal forma que as pessoas possam chegar à estação de carro e seguir a sua viagem de metrô. E na volta fazer a operação inversa. Mas a Cia. do Metropolitano de São Paulo sempre foi refratária à construção de garagens conjugadas com as estações. A Ana Rosa é uma exceção. A da Itaquera é uma das poucas com amplo estacionamento de transferência, a céu aberto.
Como as linhas metroviárias operam nas vias estruturais, contribuiriam para reduzir o trânsito de carros nessas vias, que são as mais congestionadas.
Agora, 35 anos após o início da operação do metrô, começa a haver essa preocupação, com a criação de um estacionamento de integração junto à estação Imigrantes, aproveitando um pequeno terreno que sobrou da construção e licitações, mal sucedidas, de ampliar essa rede de estacionamentos de integração.
Uma pequena amostra do que ocorre de fato, junto às estações com maior possibilidade de integração, mostra uma grande carência de estacionamentos próximos, com exceção da Barra Funda.
Na linha verde (Vila Madalena - Alto do Ipiranga), considerando as quatro estações nas pontas da linha, existem apenas 41 estacionamentos, com 2.068 vagas, a maior parte no Alto do Ipiranga.
Próximo à estação Sumaré, que agora foi escolhida como ponto de integração dos fretados, há apenas nove estacionamentos, com 610 vagas, a maioria de pequeno porte. A média é de 68 vagas por estacionamento e a quase totalidade em terrenos. Provavelmente, esperando por uma ocupação melhor.
Situação um pouco melhor que no entorno da Estação Terminal Vila Madalena, onde existem apenas nove estacionamentos, com 342 vagas.
Na linha azul, considerando apenas as três estações da ponta sul (São Judas, Conceição e Jabaquara) que teriam um grande potencial de integração, a situação é um pouco melhor, mas, mesmo assim, as vagas são insuficientes. Existem 72 estacionamentos, com 5.296 vagas, média de 74 por estacionamento. Na Conceição há mais vagas em edifícios, mas a predominância ainda é de terrenos.
A disponibilidade maior de vagas ocorre na Barra Funda, onde existem 54 estacionamentos, com 10.009 vagas, média de 185 vagas por estacionamento. No entanto, 10 estacionamentos abrigam 5.340 vagas, havendo, pois, uma concentração de grandes estacionamentos, em função de grandes estabelecimentos comerciais e educacionais. Não se caracterizam como estacionamentos de transferência intermodal.
Na teoria se defende a necessidade de oferecer maiores facilidades para as pessoas usarem mais o transporte público, mas na prática essas são escassas.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.