Quase quatro meses após a inauguração, em 1º de abril, o Trecho Sul tem três alças de acesso em construção, sinalização provisória em alguns locais, iluminação feita só com gerador a diesel e radares em implantação. Além disso, já ganhou quatro acessos clandestinos, que são um risco aos motoristas.
Concebido para ser uma via expressa, é classificado como rodovia radial de classe zero, onde acessos aos bairros do entorno não são permitidos. Entretanto, a reportagem flagrou nesta semana a existência de quatro acessos ilegais.
Na pista sentido Trecho Oeste, altura do km 39, na região de Itapecerica da Serra, os veículos chegam a fazer fila em horários de pico no acesso clandestino.
Num canteiro de obras no km 37, tábuas sobre a lama permitem o tráfego de carros e motos entre o Rodoanel e ruas de Itapecerica da Serra. Três quilômetros adiante há outra ligação provisória numa área em construção. No km 54, na altura de Parelheiros, zona sul da capital, existe uma quarta passagem clandestina. É um acesso para os moradores do bairro, que entram no Trecho Sul e usam um retorno operacional mais à frente para chegar rapidamente à capital.
Usuários se queixam da sensação de insegurança, agravada principalmente pelo fato de os celulares não funcionarem perfeitamente em vários trechos ao longo dos 61,4 km de extensão das pistas que unem o Trecho Oeste ao complexo Anchieta/Imigrantes. A falta de sinal impede também que os rastreadores funcionem. Com isso, vários motoristas de caminhões preferem evitar a estrada, apesar de a Polícia Rodoviária Estadual garantir que nesse período de operação foram registradas apenas cinco tentativas de roubo - nenhuma de carga.
Dados da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) mostram que, em abril deste ano, o volume diário de tráfego no Trecho Sul foi de 62,9 mil veículos - 36,8 mil de passeio e 26,1 mil de carga. Esse volume cresceu em junho para 68,6 mil veículos - 44 mil de passeio e 24,6 mil de carga. E a expectativa é que aumente ainda mais.
Tudo pronto
A Secretaria de Estado dos Transportes informou, em nota, que as obras do Trecho Sul "estão concluídas", assim como o sistema de iluminação. E que "não há acesso clandestino". Sobre as entradas nos km 37 e 39, alega tratar-se "de um trecho de dois quilômetros em obras para conclusão de marginal, dando acesso aos bairros lindeiros". "Esse trecho será fechado após a conclusão dos serviços", acrescenta.
No km 40, onde a reportagem flagrou outro acesso clandestino, a justificativa é de que há "obras de implantação das bases da Polícia Rodoviária do Sistema de Ajuda ao Usuário (SAU), que estão sendo executadas entre as pistas e não interferem na trafegabilidade".
O órgão garantiu ainda que o acesso no km 54 foi fechado por barreiras de concreto - que já foram derrubadas por moradores da região, como constatou a reportagem. Os radares, diz a nota, são operados pela Polícia Rodoviária em pontos alternados. E o sinal de celular, segundo a Secretaria, é de responsabilidade das "companhias do setor".
Fonte: O Estado de S. Paulo, 30 de julho de 2010