Em alguns pontos da Zona Sul, moradores já reclamam que flanelinhas lançam mão desses obstáculos para reservar vagas, que são cobradas depois dos motoristas. Na Rua Gustavo Sampaio, no Leme, guardadores oferecem as vagas da rua até mesmo aos moradores, que podem parar no local com cartão de identificação. Na Rua Marechal Mascarenhas de Morais, em Copacabana, outro guardador usa dois cones para delimitar espaço de estacionamento. Segundo uma moradora da Rua Gustavo Sampaio, os flanelinhas começam a reservar as vagas cedo e abordam não só quem estaciona eventualmente na área.
Segundo a presidente da Associação de Moradores da Sá Ferreira e Adjacências, Luiza Salatino, o uso de cones ainda não é ostensivo pelos flanelinhas do bairro. Mas já começam a ser percebidos, sobretudo à noite. "A Rua Raul Pompéia fica, após as 17h, cheia de flanelinhas por conta de uma universidade. Já vi cones reservando vagas. Em ruas próximas, como Souza Lima, Aires Saldanha e Almirante Gonçalves, isso também acontece eventualmente."
O problema já chegou à Ouvidoria da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop), que vem recebendo esporadicamente denúncias de guardadores não autorizados utilizando cones para guardar vagas. Mas elas ainda representam 5% das denúncias sobre flanelinhas. A Seop argumenta ainda que desde 2009 faz operações frequentes para coibir a ação dos flanelinhas. Desde o início do governo, já foram detidos 1.002 flanelinhas nas ruas do Rio. Desses, cerca de 70% tinham alguma passagem policial, sendo 3% com mandados de prisão ou considerados foragidos. Do total, 13 ficaram presos por extorsão e formação de quadrilha, pois as vítimas compareceram até a delegacia e registraram ocorrência: cinco casos no Leblon, dois na Quinta da Boa Vista e seis em São Cristóvão.
Proteção contra maus motoristas
Condomínios alegam que cones impedem o estacionamento irregular Em ruas e avenidas de Leblon, Ipanema, Copacabana, Leme, Laranjeiras, Flamengo e Botafogo, placas e avisos pintados nos portões dos imóveis, alertando para entrada e saída de automóveis não são mais suficientes. Os cones e cavaletes já fazem parte da paisagem. Semelhantes aos sinalizadores usados por órgãos públicos ou ainda improvisados com latas de tinta e pedaços de madeira, os obstáculos são encarados como mal necessário, na opinião de representantes de associações de moradores da área. Segundo a CET-Rio, o uso de cones por particulares para reservar vagas e proteger garagens é irregular. Os cones e dispositivos temporários de sinalização são de uso exclusivo do poder público, usados com intuito de alertar para situações especiais (como obras) e de emergência (como acidentes), fazendo o bloqueio ou a canalização do trânsito e a proteção de pedestres e trabalhadores.
Fonte: O Globo (RJ), 30 de julho de 2010