Na manhã do dia 29 de julho, o G1 realizou a comparação entre o deslocamento de duas carretas que saíram da capital paulista rumo ao litoral. O comparativo mostrou que um dos trajetos que - segundo os caminhoneiros - serão usados significou custo de R$ 17 em pedágios, consumo extra de seis litros de diesel e sete minutos a mais no tempo de viagem. A opção, no caso, foi acessar o Rodoanel pela Rodovia Castello Branco, tornando obrigatório o pagamento de R$ 11,60 de pedágio (R$ 2,90 por eixo). Caso o acesso tivesse sido feito pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes, não haveria cobrança de pedágio até o anel viário, mas o percurso aumentaria. O pedágio do Rodoanel, no entanto, teria de ser pago da mesma forma (foram R$ 5,40 - R$ 1,35 por eixo).
A Prefeitura aposta na melhoria da fluidez do trânsito, enquanto representantes de empresas e sindicatos ligados às transportadoras dizem que a medida vai aumentar os custos de operação e pode piorar os congestionamentos na Marginal Tietê e na Avenida do Estado.
Comparativo
A reportagem seguiu em duas carretas que deixaram, às 10h26, a sede de uma transportadora localizada ao lado da Ponte Anhanguera, rumo a um ponto de encontro no km 28 da Rodovia dos Imigrantes. Após percorrer um trecho da Marginal Tietê, comum aos dois percursos, um dos veículos seguiu o caminho que será vetado: Marginal Pinheiros e Avenida dos Bandeirantes. Outro seguiu pela Rodovia Castello Branco, acessou o Rodoanel e saiu em direção à Imigrantes.
O trajeto que utilizou a marginal foi 25 km mais curto e não necessitou de pagamento de pedágio. O tempo de deslocamento foi sete minutos mais rápido, influenciado pelo índice de congestionamento do horário, na última semana de férias escolares. Às 11h, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou 22 km de lentidão na capital. O motorista da carreta que foi pela Marginal Pinheiros, Edwilson Matos de Almeida, disse que a existência do Rodoanel aliviou o tráfego na Marginal Pinheiros.
O veículo que utilizou o percurso permitido pela Prefeitura pagou pedágio na Rodovia Castello Branco, antes de acessar o Trecho Sul do Rodoanel. Se tivesse optado pela Rodovia Anhanguera ou Bandeirantes, teria evitado essa primeira cobrança. No entanto, o caminhoneiro disse não utilizar nenhum desses dois caminhos, já que aumentaria o percurso.
O caminhão também foi tarifado no próprio Rodoanel, no limite entre Osasco e Cotia. O pedágio na saída do Rodoanel para a Imigrantes ainda não está em funcionamento. Quando começar a ser cobrado, a partir do próximo ano, pode acrescentar até R$ 6 ao custo.
O presidente do Sindicato das Empresas de Carga de São Paulo e região, Manoel Sousa Lima Junior, disse que a proibição do tráfego pela Marginal Pinheiros trará uma clara desvantagem para o setor. "No trajeto que vocês fizeram são 25 km de diferença e isso significa 13 litros a mais de combustível, cerca de R$ 26, fora o pedágio. É uma clara desvantagem: a viagem fica mais longa e mais cara e nem sempre se traduz em economia de tempo", afirmou.
Lima Júnior disse que embora a população considere vantagem ficar livre de caminhões na Marginal Pinheiros e na Bandeirantes, é preciso pensar que isso significará perdas no transporte de produtos essenciais. "Até o café com leite que se toma na padaria chega de caminhão e o Rodoanel é excelente, mas não é opção para tudo", afirmou.
Fonte: portal G1, 29 de julho de 2010