Câmbio valorizado, redução dos preços de importação e estoques excessivos - no caso de automóveis - explicam o fenômeno, segundo analistas. De janeiro a julho, os bens duráveis subiram 1,1%, bem menos que os 3,26% registrados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA). Segundo números do economista Fábio Ramos, da Quest Investimentos, os grupos de eletrônicos, com deflação de 4,7% no período, e de autos, com tombo de 0,5%, puxam a inflação de duráveis para baixo.
O comportamento recente dos preços de automóveis surpreendeu os analistas. Com o fim dos estímulos fiscais no segundo trimestre, a expectativa era de que haveria uma alta mais significativa das cotações. No IPCA-15, que mostra a evolução dos preços entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira do mês de referência, os veículos novos subiram 1,57% em maio e 0,04% em junho, voltando ao terreno negativo em julho, quando houve queda de 1,16%. Em 2009, os preços haviam recuado 6,8%, na esteira da redução do IPI.
Para Ramos, o nível elevado de estoques do setor é um fator importante para explicar esse resultado. Entre março e junho, os inventários de automóveis cresceram 57%, atingindo 318,8 mil unidades. "O segmento tenta desovar os estoques. Há notícias de feirões de automóveis."
Fonte: Folha de S. Paulo, 28 de julho de 2010