Esta queda, a primeira desde 2008, é atribuída pela CET a duas razões principais - a redução da velocidade máxima para todos os veículos, estabelecida em 60 km/h há dois anos, e o aumento da fiscalização das motos. Com os demais veículos andando a uma velocidade menor, os motociclistas tendem a fazer o mesmo, o que leva a uma diminuição tanto do número de acidentes em que eles se envolvem como do de vítimas fatais. O gerente de Planejamento da CET, Irineu Grecco Filho, lembra que isso começou a ser observado quando se reduziu a velocidade na Avenida 23 de Maio.
O especialista em trânsito Horácio Augusto Figueira concorda com a relação entre velocidade mais baixa e queda do número de mortos, inclusive porque o impacto menor dá mais possibilidade de sobrevivência às vítimas. Mas faz uma sugestão, que a CET faria bem em aceitar, para ajudar a compreender melhor a questão - fazer novos estudos para determinar se os acidentes estão caindo de maneira geral ou apenas aqueles mais graves que resultam em mortes.
Outra sugestão, feita por Grecco Filho, é reduzir a velocidade permitida para a circulação das motos entre os carros, quando eles estão parados ou andando devagar. Nada mais natural que exigir dos motociclistas comportamento semelhante ao dos motoristas de carros. A viabilidade dessa medida depende da fiscalização.
O aumento do rigor da fiscalização é justamente a outra razão que explica a redução do número de motociclistas mortos. Para a CET, existe mais uma relação de causa e efeito do que uma simples coincidência no fato de as mortes terem diminuído depois que ela passou a utilizar radares apropriados para flagrar motociclistas em excesso de velocidade. Desde março, quando esses radares especiais - os portáteis e outros instalados, em sistema de rodízio, em 65 pontos da cidade - começaram a funcionar, foram aplicadas 35 mil multas.
Existem hoje na capital 957 mil motos. Elas representam mais de 11% da frota de veículos e os motociclistas se envolvem em cerca de 30% dos acidentes fatais, mas só 4% das autuações de trânsito os atingiam, antes do aperto na fiscalização.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 25 de dezembro de 2012