Para um povo que adora efemérides, os 150 anos do metrô de Londres serão um prato - ou um vagão - cheio.
Os ingleses já começaram a festejar a data com selos comemorativos, livros, exposições e, claro, muitas lembranças para os turistas.
A programação incluirá até uma viagem retrô numa maria-fumaça de 1898, restaurada pelo museu de transportes da cidade. Os ingressos já foram vendidos; os mais caros, a £ 180 (cerca de R$ 605).
Quem investiu tanto dinheiro viajará num típico trem a vapor do século 19, enfumaçado e barulhento, mas com os trilhos colocados embaixo da terra. A solução foi bolada para driblar o engarrafamento de charretes e bondes puxados a cavalo e ligar estações ferroviárias à City, o centro nervoso de Londres.
Na época da inauguração, a capital do império britânico era a cidade mais populosa do mundo, com quase 3 milhões de habitantes.
O "tube" original refletia as divisões da sociedade vitoriana. Os passageiros viajavam separados em vagões de primeira, segunda e terceira classes. Aos poucos, o serviço se tornaria mais democrático e moderno. Vieram avanços como trens movidos a eletricidade (1890), escadas rolantes nas estações (1911) e portas automáticas (1923).
Na segunda guerra mundial (1939-1945), os túneis viraram abrigo antiaéreo para proteger a população de bombas da Alemanha nazista.
Mesmo assim, em 10 de maio de 1941, os nazistas o atingiram em 20 pontos, num ataque noturno que matou 1.500 londrinos.
Apesar dos traumas, os londrinos aprenderam a se orgulhar de seu "underground", de dar inveja a qualquer cidade brasileira. A rede leva 1,1 bilhão de passageiros por ano. São 11 linhas e 402 km de trilhos, quase o trajeto Rio-São Paulo.
O metrô é onde Londres se revela mais multicultural, com gente de todas as línguas e etnias. O clima de Torre de Babel só não é maior porque os passageiros dedicam cada vez mais tempo à companhia silenciosa de smartphones.
Fonte: Folha de S. Paulo, 24 de dezembro de 2012