Nas últimas duas semanas, a Folha listou e checou o andamento de todas as ações que constam da chamada "matriz de responsabilidades", documento no qual o Brasil lista o que pretende fazer para a Copa.
A primeira versão da matriz é de 2010 e sofreu atualizações depois.
O setor mais beneficiado na ocasião foi a mobilidade urbana, para facilitar o deslocamento dos turistas nas cidades-sede. Só que, às vésperas da Copa, apenas 10% das obras estão concluídas - a maior parte está incompleta.
Burocracia e alterações de projetos são as justificativas mais recorrentes dos governos para explicar a situação.
A ausência de projetos de mobilidade é uma queixa comum da população e foi a principal motivação dos protestos do ano passado.
Os turistas que forem a Cuiabá, por exemplo, não terão o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que liga o aeroporto ao centro.
Problemas com licenciamento e desapropriação fizeram a obra ficar para depois.
Aconteceu o mesmo em Manaus, onde jogarão Inglaterra, Itália, Portugal e EUA.
ESTÁDIOS
Alvo de cobranças constantes da Fifa quanto aos prazos, os estádios que abrigarão as partidas também entram na conta do atraso.
Três dos 12 ainda carecem de ajustes. O Itaquerão (SP) não tem todos os telões e os camarotes estão sendo finalizados; a Arena da Baixada (Curitiba) não foi entregue; na Arena Pantanal (Cuiabá) falta instalar cadeiras.
Entre as cidades-sede, Curitiba é a em que, proporcionalmente, há mais obras incompletas. A maioria é de transporte, como um corredor rápido de ônibus entre o aeroporto e a cidade; houve atrasos no pagamento e as empresas rescindiram contratos para executar a obra.
Em São Paulo, a maioria das ações foi concluída. Mas não está finalizado o acesso viário ao Itaquerão, onde será a abertura da Copa, em 12 de junho. Até lá tudo estará pronto, segundo o governo.
Nos aeroportos, a concessão à iniciativa privada dos terminais de Guarulhos, Viracopos e Brasília ajudou o governo a levar ampliações adiante. Ainda assim, Viracopos descumpriu prazo para ficar pronto.
Guarulhos entregou o novo terminal, mas não a tempo de ele ser usado por boa parte dos turistas que chegará por lá - por falta de tempo, a maior parte das companhias aéreas continuará a usar os terminais antigos.
Fonte: Folha de S. Paulo, 13 de maio de 2014