Uma projeção atribuída à ONU de que a cidade de São Paulo terá, em 2025, 21 milhões de habitantes, parece assustadora.
Logo se imagina: onde ficará essa multidão de pessoas? Os congestionamentos vão piorar. A cidade vai parar!
O número - em absoluto - é assustador, mas pouco altera a condição atual. As estimativas de população da região metropolitana de São Paulo - para julho de 2008 - apontam para 19.697.337 habitantes.
A taxa de crescimento demográfica do Município de São Paulo tem sido de 0,53% ao ano, com tendência de decréscimo. Agora no dia 13 de novembro próximo, o IBGE vai divulgar as novas projeções demográficas até 2050, e uma das grandes questões será o ano de pico da população de São Paulo, a partir do qual passará a decrescer. Acho que será antes de 2025. O ritmo atual é de 60 mil habitantes adicionais por ano, com tendência de decréscimo.
A Região Metropolitana continua crescendo porque os demais municípios da região crescem a taxas maiores: 1,85% ao ano, gerando um crescimento médio para a região de 1,12%. Se mantida essa taxa, a RMSP alcançaria os 21 milhões ainda em 2014, muito antes dos 2025 projetados pela ONU.
Aí pode haver uma diferença de critério na determinação do que seja ou venha a ser a cidade de São Paulo. Não envolveria todos os municípios da Região Metropolitana, mas apenas os vizinhos ou fortemente conurbados. Ficariam de fora, por exemplo, São Lourenço da Serra de um lado e Biritiba-Mirim de outro. Assim como Mogi das Cruzes. Se Mogi deve ser incluído como extensão da cidade de São Paulo, porque não incluir Jundiaí?
De qualquer forma, a cidade de São Paulo será uma megacidade, com um esvaziamento da sua área central e ampliação de suas áreas periféricas, do ponto de vista demográfico. Mas a redução demográfica pode ser compensada com um aumento de renda per capita. Os que ficam teriam maior renda promovendo a revitalização e requalificação.
A tendência irreversível da cidade é se organizar em rede, com um conjunto de núcleos dinâmicos onde se desenvolverão como novos centros, com a conjugação das diversas atividades urbanas. Essas estão atualmente ao longo da Marginal do Pinheiros, junto à nova Faria Lima, Berrini e Chácara Santo Antônio.
Um novo centro se desenvolve na área do Jabaquara e outro poderá ser desenvolvido na Zona Leste. Os centros dos principais municípios vizinhos, como Santo André, São Bernardo do Campo ou Osasco, são núcleos importantes da rede.
Por outro lado, as áreas periféricas para onde foram os migrantes empregados e depois desempregados estão sendo estruturados como bairros, através da urbanização de favelas. Há todo um conjunto de melhorias urbanas, mas falta uma essencial: renda. Renda que provenha do trabalho.
Isso gera uma grande necessidade de deslocamentos para os pólos de trabalho, gerando os congestionamentos.
O grande desafio para a cidade, nos próximos anos, é como estruturar uma megacidade que já apresenta uma desaceleração de crescimento e passará a ter um decréscimo populacional num futuro não distante?
O processo é de um esvaziamento demográfico do centro para a periferia. Como cidade real, porque as estatísticas institucionais fazem agregações que escondem a evolução real. Essa precisa ser analisada segundo distritos e não segundo municípios.
A área central já está em processo de contração populacional. Essa contração vai se espalhando pelas demais áreas, até que a periferia também se contraia. É quando a contração geral fica evidenciada, por conta das estatísticas gerais se terá a percepção de que a "cidade parou".
Terá parado, como crescimento demográfico, mas não necessariamente como crescimento econômico.
A pressão social será menor, mas a cidade precisará se preparar e enfrentar a pressão da infra-estrutura.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.