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Nos anos 50, as estradas brasileiras eram ainda piores que as de hoje: faltava asfalto e sobrava lama. Não é de se espantar que a montadora americana Willys-Overland tenha se interessado pelo país nos tempos de industrialização entre o fim do governo Vargas e o início dos anos JK, relata reportagem de O Globo, de 1998. A Willys era uma fábrica independente que, durante os anos da Segunda Guerra, ganhou força produzindo o Jeep. Com o fim do conflito, este modelo passou a ser vendido também para civis (era considerado equipamento agrícola). Por volta de 1947, a Willys começou a diversificar a linha, criando versões "sociais" do Jeep: uma era o Jeepster (conversível que nunca foi feito no Brasil), outra era a Station Wagon.
Os planos da Willys em São Bernardo do Campo foram iniciados em 1952. Quatro anos depois, a fábrica começou a montar os Jeep, usando peças brasileiras. A Willys Station Wagon, até então importada, passou a ser feita no Brasil no fim de 1958 - e foi logo rebatizada de Rural-Willys.
As linhas eram as mesmas do modelo americano. Um detalhe característico era a pintura saia-e-blusa: verde e branca, vermelha e branca ou azul e branca.
Nos primeiros tempos a mecânica era tão rústica quanto a dos Jeep. O motor a gasolina, de seis cilindros e 2.638cc, rendia 90 cavalos. O câmbio era de três marchas, com caixa de transferência para tração 4x4. Havia eixos rígidos na dianteira e na traseira.
Além do uso no campo, o utilitário da Willys também era comum nas cidades e muito usado como carro de frota. A primeira grande inovação veio na Rural de 1960: a dianteira ganhou linhas exclusivas para o mercado brasileiro. O pára-brisa passou a ser inteiriço e o mesmo aconteceu com o vidro traseiro. Isso sem esquecer a Pick-up Jeep, na verdade uma Rural com caçamba.
Depois, foi a vez da Rural 4x2, fabricada entre 1964 e 1972 com detalhes de luxo diferenciados dos demais modelos. Feita para quem não precisava enfrentar trilhas difíceis, tinha alavanca de câmbio na coluna de direção. Para aumentar o conforto, foi lançada em 1964 com suspensão independente na dianteira e molas helicoidais (em vez de eixo rígido e feixes de molas). A partir de 1967 foi utilizado o motor Willys 6 cilindros 2600 com dois carburadores, mais potente, com 110hp. O volante de direção igual ao do Aero Willys é mais luxuoso e possui um aro cromado para acionamento da buzina. Detalhes do acabamento luxo incluem os botões cromados (limpador, farois, afogador) no painel, descansa braços nas portas, novas maçanetas, frisos cromados no painel interno das portas, estofamento especial nos bancos, nova grade dianteira com frisos horizontais, e calotas cromadas.
Quando a Ford incorporou a Willys-Overland do Brasil, em 1967, as linhas Jeep e Rural foram mantidas. A caminhonete chegou a ganhar um motor de 3.0 litros e dois carburadores que rendia 140cv. Havia também a versão quatro marchas.
Com a crise do petróleo, a Ford passou a equipar a Rural com o motor 2.3 de quatro cilindros do Maverick. Mas já era tarde e a Rural tinha quase 30 anos em linha. Em 1976 a produção foi encerrada (a picape Jeep F-75 durou até 1982).
Para os padrões de hoje, a Rural é um carro lento e beberrão (cerca de 6,5 km/l na estrada, na versão 4x2 com motor 2.6). Mas o que importa num carro desses é a resistência: mesmo alquebradas, muitas Rural continuam prestando serviços em cidades do interior ou para jipeiros e feirantes.
Fonte: jornal Globo (RJ), 10 de junho de 1998; site ruralwillys.tripod.com.br

Categoria: Mundo do Automóvel


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