Parking News

Jorge Hori *

A crise mundial, trazendo a concordata da General Motors nos Estados Unidos, nos leva a retomar a questão do futuro do automóvel, em geral, e dentro das grandes cidades.
Uma primeira indagação é se, com a crise, a redução da produção de automóveis irá ser permanente, ou apenas uma retração conjuntural que será revertida em médio prazo, com novos e sucessivos aumentos, colocando nas ruas de todo o mundo mais e mais automóveis.
Uma segunda indagação é quanto à configuração da frota, tanto em termos de tamanho como do combustível.
Com relação aos combustíveis, parece inevitável a tendência de aumento dos motores com uso de biocombustíveis.
Igualmente, dificilmente haveria uma redução permanente da produção de automóveis. A indústria automobilística continua sendo um dos pilares básicos da indústria mundial. O que não está claro é o tamanho da frota de veículos, considerando a retirada de veículos velhos de circulação.
A situação é diferente entre os países desenvolvidos e os emergentes (ou em desenvolvimento). Nos primeiros, a grande movimentação da indústria automobilística é para a renovação dos estoques. Os compradores dos carros novos não estão fazendo a primeira compra, mas substituindo o existente. Vendem os carros usados, gerando uma corrente na qual os mais antigos são comprados por aqueles de menor renda (em geral imigrantes) como primeiro carro, ou destruídos.
Pode-se supor que em alguns países, ou em algumas cidades, a frota não cresce, apesar do aumento da produção da indústria, ou do aumento de emplacamento, pela destruição de veículos, ou pela transferência dos veículos para outras localidades.
Já nos países emergentes parte da produção é destinada ao primeiro carro e há uma correlação entre o aumento da produção e o aumento da frota. E a corrente permanece por mais tempo, com a compra dos seminovos, como o primeiro carro, pela classe média emergente.
Isto é, em metrópoles como São Paulo será inevitável a continuidade do aumento da frota de automóveis e, com isso, a extensão dos congestionamentos.
A incógnita maior está no tamanho dos veículos. Será que com a crise geral do setor e, particularmente, da GM prevalecerá a tendência de aumento de participação dos minicarros?
Durante um ano, entre maio de 2008 e 2009, tive a oportunidade de visitar 15 capitais, além de São Paulo, e algumas mais novas, como Campo Grande (MS), impressionam pelas suas largas avenidas arborizadas e inexistência de grandes congestionamentos.
Poderia ser um modelo de organização de uma cidade média, com uma boa qualidade de vida da sua população.
A composição da frota não parece ser muito diferente de outras capitais brasileiras, com carros pequenos, mas também médios e grandes. Carros novos convivendo com seminovos e até velhos.
Hoje, em visita a Montevidéu, percebo na cidade uma grande diferença na frota. As avenidas são amplas, a pobreza é pouco visível, mas a frota de veículos é predominantemente de pequenos, a maior parte aparentemente oriunda do Brasil.
Twingos que não são habituais no Brasil são mais freqüentes aqui.
Conheci os dois mínis que prometem "emplacar" no pós-crise da indústria automobilística: o Spark da GM e o Chery da fábrica chinesa de mesmo nome. São irmãos gêmeos, embora um deles acusado de ser clone.
A origem é a Daewoo, fábrica coreana que, falida, foi comprada pela GM e seria agora a principal fonte de novos produtos da GM no Brasil, depois que a Opel foi vendida.
São minicarros, porém com acessórios básicos (direção hidráulica, ar condicionado, trio elétrico etc.) para o conforto do motorista (principalmente da motorista).
O Spark fatalmente chegará ao Brasil, com esse nome ou não, inicialmente a partir do México ou da Venezuela, se essa for admitida no Mercosul.
A fatalidade decorre da entrada do Chery no Brasil a partir do Uruguai. Pode dar certo ou não, mas será muito arriscado para a GM deixar o carrinho chinês ocupar o mercado.
Talvez não seja o carro para a grande cidade, mas para as cidades médias, onde o fator status pesa menos que a comodidade.
Mas se "pegar" nas cidades médias acabará chegando às grandes. E poderá ser uma "praga" como as motos.
O dilema para as montadoras é sempre a canibalização, mas ter uma faixa abaixo do Celta para a GM poderá ser inevitável e a Fiat trará o Cinquecento.
Os indícios são de que os minicarros virão a tomar uma grande fatia do mercado.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


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