Parking News

Enquanto de um lado persiste um movimento contrário ao pagamento dos estacionamentos em shoppings, de outro cresce a demanda por serviços mais sofisticados e caros. Como resposta, há shoppings oferecendo serviços que vão muito além dos chamados VIPs, onde o cliente simplesmente deixa o carro nas mãos dos manobristas, ganhando em tempo e conforto. Entre esses serviços extras estão desde lavagem a seco, retoques de pequenos amassados com o popular "martelinho de ouro", até uma sala de espera com cafezinho, jornais do dia e TV a cabo. Não quer dizer que vai se perder muito tempo na espera: os estacionamentos VIPs prometem a entrega do carro em alguns minutos. O preço? Geralmente o dobro do que pagariam se utilizassem o estacionamento comum do shopping. A reportagem é do jornal Valor Econômico.
"Hoje o tempo é uma moeda fortíssima e, quanto mais facilidades o shopping oferecer ao consumidor, mais interessantes se tornam. As pessoas pagam para não ter trabalho de estacionar", afirma Luiz Fernando Pinto Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). "Todas as áreas VIPs do Brasil estão lotadas. É a somatória do conforto com a economia de tempo. Pagar estacionamento já é um hábito incorporado na vida do cidadão".
Os consumidores do Maringá Park Shopping Center, em Maringá (PR), são exemplo da avidez por conforto. A demanda por um estacionamento VIP partiu da própria clientela, representada por uma associação dos frequentadores do shopping. "Temos aqui o Conselho do Consumidor formado por um grupo de clientes com os quais nos reunimos a cada 60 dias", diz Claudia Nichiura, diretora de relacionamento do Maringá Park.
"O serviço VIP que já existe há um ano e meio foi uma exigência feita pelos próprios clientes", conta. Ela diz que o shopping já fez várias mudanças estruturais acatando opiniões dos frequentadores.
"Os clientes estão usando muito mais o VIP do que o tradicional", diz a diretora. O shopping disponibiliza uma sala de 40 m2 aos visitantes onde são servidos chá, café, sucos, jornais e revistas. Uma TV a cabo e DVDs com diversos filmes também estão disponíveis. "É comum o manobrista trazer o carro e ter de esperar pelo dono que está batendo papo com um amigo. Nossa sala VIP também se transforma em ponto de encontro", relata.
Pelas suas contas, cerca de 200 pessoas passam diariamente pela sala VIP, com aumento expressivo nos finais de semana. No Maringá, estacionar por três horas sai quase o dobro do valor de um estacionamento comum. "O consumidor paga R$ 5,00 pela vaga tradicional. Para ter acesso à VIP há um acréscimo de mais R$ 4,00. Após três horas, o cliente passa a desembolsar R$ 1,00 por hora".
Trabalhar com vagas mensais não é um bom negócio, na opinião de Claudia. "Preferimos o rotativo ao mensalista, porque a vaga gira rapidamente. O valor para o mensalista é baixo e os demais clientes que pagam por hora acabam ficando sem vagas", diz. Outra facilidade que o Maringá oferece é o serviço "Sem Parar".
"Fornecemos mais essa comodidade por intermédio da empresa Auto Expresso, que atua muito forte no Sul do Brasil e é o mesmo serviço do "sem parar" das rodovias locais e regionais do Paraná", diz Claudia. O "Sem Parar" conquista cada vez mais os estacionamentos dos shoppings brasileiros.
"Dos 90 estacionamentos administrados pela Serviços e Tecnologia de Pagamentos (STP) no Brasil, 76 estão dentro dos shoppings", informa Pedro Donda, presidente da empresa, que é líder na adoção dessa tecnologia.
Segundo ele, o Sem Parar/Via Fácil se consolidou como o sistema de pagamento automático de pedágios e estacionamentos no país, ao atingir o número de 2,9 milhões de motoristas. A meta de Donda., que opera nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro e está presente em 38% dos estacionamentos dos shoppings dessas regiões, é atingir 60% deles nos próximos dois anos.
"O Sem Parar/Via Fácil tem se mostrado excelente alternativa para frequentadores de shopping centers, que ganham tempo e facilidade", resume. O Shopping Center Iguatemi, o primeiro empreendimento do Brasil, erguido em 1966, está entre aqueles que oferecem esse tipo de serviço através da STP. Segundo Donda, a atualização das tarifas fica ao cargo dos shoppings.
"O Iguatemi São Paulo procura sempre se renovar, repensando seu mix, trazendo novidades, comodidade e conforto para seus clientes. As novas vagas visam atender a uma demanda de estacionamento já existente", diz Ivan Murias, gerente geral do Shopping Iguatemi SP. São mais 628 novas vagas no estacionamento, que serão operadas no sistema de valet parking, recém-inauguradas.
"Dessas novas vagas, 525 serão para carros e 103 para motos. Somam-se às 1.824 já existentes. Isto significa um aumento de 35%", acrescenta. Por conta dessa expansão, explica o gerente, haverá um remanejamento interno das vagas. O estacionamento descoberto, que até então era exclusivo para valet, passa a dispor de 200 vagas comuns, ficando com 47 lugares para o sistema de valet parking. Estacionar o carro no Iguatemi na área VIP custa R$ 14,00 a primeira hora, sendo que as adicionais são acrescidas de R$ 10,00.
Situado no bairro mais nobre do Rio de Janeiro, o Shopping Leblon registra crescente procura pelas vagas na área VIP. O espaço possui localização estratégica, posicionado em frente a elevadores de acesso ao mall. "Este é um serviço muito valorizado pelo nosso público, que busca conforto e praticidade. Nos finais de semana, de 20% a 25% dos carros que entram no shopping procuram o valet", conta Marta De Vitto, superintendente do Shopping Leblon.
O estacionamento VIP do shopping oferece sala de espera climatizada, além dos serviços de manobrista e capitão porteiro, que auxilia os clientes, por exemplo, a colocar as compras no carro e na retirada de carrinhos de bebês. Para estacionar no VIP, o motorista desembolsa R$ 9,00 nos primeiros 30 minutos com aumento de R$ 1,00 a cada meia hora. Após duas horas, o acréscimo passa a ser de R$ 2,00 a cada 30 minutos.
Espaço é hoje um negócio lucrativo
Alvo de polêmicas que se estendem por todo o país, os estacionamentos de shopping centers estão se revelando um ótimo negócio para as administradoras. Segundo estimativa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o dinheiro que entra pelos estacionamentos corresponde, em média, a 12% de todo o faturamento do shopping. Mesmo em Estados onde a Justiça proibiu a cobrança, a decisão foi derrubada em instâncias superiores.
A alegação, segundo Luiz Fernando Pinto Veiga, presidente da Abrasce, é muito simples: os shoppings são espaços privados e não cabe ao Estado regulá-los. Cobrar ou não pelo estacionamento é uma questão de mercado. "O estacionamento está definitivamente incorporado ao negócio de shoppings. A grande questão é que isso não cabe ao Estado, pois se trata de uma propriedade privada", afirma Pinto Veiga. "E a cada vez que a Justiça determinar que os shoppings não cobrem pelos estacionamentos, eles irão recorrer".
De acordo com o presidente da Abrasce, os investimentos nos estacionamentos são elevados "e devem ser pagos por quem usufrui". "Se o consumidor não paga, os lojistas terão que arcar com os custos e irão transferir esse ônus para o preço. Isso não é justo para aqueles que não utilizam os estacionamentos", afirma. Há, de fato, shoppings que não cobram, ele reconhece, "mas trata-se de uma estratégia de marketing". Em alguns, as cobranças se limitam a espaços diferenciados. "Só cobramos pela área VIP, as demais são gratuitas", acrescenta Marcos Sérgio de Oliveira Novaes, superintendente do Centro Comercial Aricanduva, o maior shopping da América Latina.
Quem cobra, tem os seus argumentos. "A receita obtida pela cobrança do estacionamento serve para cobrir os custos operacionais como, por exemplo, indenização de veículos, energia, salários dos profissionais, segurança, limpeza, impostos, entre outros serviços", afirma Nicolas Cancas, gerente de operações e projetos especiais da Sonae Sierra Brasil. Segundo ele, uma vez descontadas todas as despesas, corre-se o risco de ter uma receita negativa.
O Shopping Pátio Brasil, em Brasília, segundo Cancas, tem obtido um crescimento na receita do estacionamento ao redor de 3%. Segundo ele, o incremento no faturamento já foi maior, mas em consequência da abertura de novos empreendimentos na cidade houve um aumento da concorrência diminuindo a receita. "Já o Manauara Shopping de Manaus, no Amazonas, tem registrado um crescimento médio na receita do estacionamento de 30%", afirma Nicolas Cancas. O Shopping Plaza Sul, em São Paulo, se assemelha, de acordo com o gerente, ao desempenho de Brasília. "O faturamento apresenta um crescimento entre 3% e 5% ao ano".
O estacionamento do Maringá Park Shopping Center espera um incremento de pelo menos 30% na receita este ano sobre o anterior. "Em 2010, já crescemos 25% e a tendência é de alta", afirma Claudia Nichiura, diretora de relacionamento. Há três anos, a direção do Maringá decidiu ampliar o número de vagas para atender a demanda. "Passamos de 1,2 mil para 1,6 mil vagas", informa. De acordo com Claudia, a receita proveniente do estacionamento responde por 10% do faturamento global. "Pagar estacionamento já está na mente do consumidor", responde a diretora ao ser perguntada se a prática de cobrar pelo estacionamento não acaba criando um ambiente antipático. "Até na rua temos que pagar para deixar nosso carro, logo, é muito mais cômodo estacioná-lo no shopping, onde contamos com segurança", afirma Claudia.
Maioria respeita o direito a vagas especiais
Pesquisa feita pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) indica que a reserva de vagas destinadas aos portadores de deficiência física e às pessoas idosas é proporcional à frequência desses consumidores. Hoje, cerca de 3% do total de vagas de um empreendimento são reservadas aos deficientes e outras 5% aos idosos.
"Temos no Brasil 415 shoppings e a grande maioria respeita o direito dessas pessoas, mas nossos funcionários não têm poder de polícia para punir. É uma questão de educação por parte dos frequentadores dos shoppings respeitar essas vagas", afirma Luiz Fernando Pinto Veiga, presidente da Abrasce. Na prática, cada shopping adota critérios diferenciados. Em alguns casos, os deficientes podem usufruir do estacionamento VIP sem ter de pagar pela vaga.
Maurício Stainoff, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo, afirma que os administradores de shoppings centers sempre se preocuparam em preservar as vagas tanto para os idosos quanto para os deficientes.
Fonte: Valor Econômico (SP), 28 de junho de 2011

Categoria: Mercado


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