A chamada "sinalização verde" já é comum na Alemanha e no Canadá e poderá ser adotada em outras estradas do País se os resultados da experiência forem satisfatórios.
Por enquanto, os arbustos mais visíveis estão no canteiro central de alguns trechos da rodovia e servem para evitar que os motoristas sejam ofuscados pelos faróis dos veículos que trafegam em sentido contrário. São milhares de caliandras - espécie nativa da região que tem flores vermelhas durante quase todo o ano. Esse tipo de sinalização, com outros tipos de arbustos, já existe em estradas brasileiras, mas como conjunto isolado, sem o resto do paisagismo da BR-101 Sul.
Parte do restante da sinalização também está plantada, mas algumas árvores levarão anos para crescer e cumprir sua função. Em curvas horizontais e verticais acentuadas, por exemplo, haverá maciços arbóreos, com espécies nativas altas, para que o motorista saiba a longa distância que terá de reduzir a velocidade ou aumentar a atenção. Da mesma maneira, conjuntos de cinco a noves ipês enfileirados sempre indicarão a existência de paradas de ônibus ao lado da rodovia.
O terreno perto de cabeceiras de ponte será marcado com duas fileiras de árvores em diagonal, nos dois lados da estrada, para indicar ao motorista estreitamento da pista e necessidade de reduzir a velocidade. Retornos e acessos também terão sinalização visível a longa distância, composta por vegetação de baixo porte nas ilhas e arbórea na faixa de domínio. Entre as espécies a serem usadas estão paineira, manacá-da-serra, ingazeiro, buriti-palito e topete-de-cardeal.
"A sinalização é psicológica", destaca o sociólogo Sérgio Luiz dos Reis, da Empresa de Supervisão e Gerenciamento Ambiental (Esga), responsável pela supervisão do programa ambiental da BR-101 Sul. Motoristas não serão avisados por campanhas publicitárias, mas saberão da sinalização por informações divulgadas por imprensa, sindicatos e comunidades.
"A ideia é que a sinalização verde induza o motorista a ter cuidados e acabe fazendo parte do cotidiano de quem trafega na rodovia", prossegue Reis. "O usuário vai aprender a conviver com isso na prática", complementa o engenheiro florestal Rudney do Rio da Silva, supervisor de campo da Esga.
O primeiro trecho com o paisagismo completo, à espera apenas do crescimento das árvores, é o Lote 4, com 16 km, entre Osório e o Túnel do Morro Alto, no Rio Grande do Sul. Nos outros 72 km do lado gaúcho da rodovia, a barreira de arbustos do canteiro central está plantada, mas as demais intervenções ainda são parciais. "Imaginamos que em dois anos o paisagismo esteja pronto", prevê Silva, lembrando que o plantio vem sempre depois da obra.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 29 de agosto de 2012