Economia em crescimento, câmbio favorável e disponibilidade de crédito têm atraído ao mercado brasileiro inúmeras marcas que não têm fábricas locais, algumas delas com dificuldade em desovar produtos em seus países de origem que seguem em crise.
A oferta de veículos com preços acima de R$ 1 milhão nunca foi tão farta. No ano passado, só de modelos Ferrari, com preços entre R$ 1,38 milhão e R$ 1,9 milhão, foram vendidas 38 unidades, das quais 23 pela representante oficial da marca, a Via Italia, e as demais por importadores independentes.
A presença dos superesportivos de preços exorbitantes aumenta este ano com o início das operações no País de representantes das marcas Spyker (holandesa), Aston Martin (inglesa), Bentley (inglesa) e Bugatti (francesa), que vão juntar-se às recém-chegadas em 2009 Lamborghini e Pagani, e Ferrari e Maserati, no País há mais tempo, todas de origem italiana.
Entre as novidades, está o Bugatti Veyron, avaliado em R$ 7,5 milhões. Só com o valor do IPVA do esportivo (R$ 300 mil) dá para comprar 13 modelos Fiat Mille, carro mais barato produzido no País. "Já recebemos manifestações de interessados", informa Joseph Tutundjian, um dos sócios da British Cars, grupo que inaugura em março loja oficial da Bentley e da Bugatti em São Paulo.
"O Brasil entrou na moda, não é mais uma economia instável, por isso todas as grandes marcas querem estar aqui", diz Tutundjian. O grupo trará apenas uma unidade do Veyron para test-drive. O "bibelô", conforme definem amantes do mundo automotivo, ficará no País por um mês. "Quem se interessar terá de fazer encomenda", avisa.
Da marca Bentley serão importadas inicialmente seis unidades do Continental Flying Spur (R$ 868 mil), Continental GT (R$ 928 mil) e Continental GTC (R$ 988 mil). A expectativa é de vender entre 18 e 20 carros.
Para Ivan Fonseca e Silva, diretor da Jaguar e da Aston Martin, há poucos anos as fábricas de carros de baixo volume, feitos artesanalmente, não tinham disponibilidade e a produção era vendida em mercados tradicionais, principalmente Europa e EUA.
"Com a crise de 2008 e 2009, todo mundo passou a considerar a necessidade de abrir novos mercados e o Brasil passou a ser um dos mais atraentes", analisa Silva. Hoje, as principais marcas estão aqui.
A loja da Aston Martin será aberta em São Paulo em março, na Avenida Europa, tradicional reduto de marcas de luxo. A expectativa é de vender 35 a 40 unidades de quatro modelos - Vantage, DB9, Rapide e DBS. Esse último é o carro usado pelo personagem James Bond no último filme da série.
Outro ícone do luxo automotivo, a Lamborghini teve a loja oficial inaugurada em outubro e vendeu até agora sete unidades do Gallardo, a preços a partir de R$ 1,4 milhão. Neste ano, a previsão é chegar a 20. A novidade para o ano é o Gallardo Valentino Balboni, que chega nos próximos dias por R$ 1,45 milhão. Desde a inauguração da loja, os preços dos modelos caíram cerca de R$ 100 mil por causa do câmbio mais favorável.
A Platinuss também importa de forma independente modelos Lamborghini e colocou à venda neste mês, por R$ 2,7 milhões, uma unidade do Murciélago LP-670-4 SuperVeloce. O veículo é o único disponível no Brasil de uma série limitada de 350 unidades feitas pela marca.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 24 de janeiro de 2010