A promotora de Habitação e Urbanismo Mabel Schiavo Tucunduva comanda, desde outubro do ano passado, a investigação, motivada por denúncia dos moradores. Eles acusam o São Paulo Futebol Clube de se apropriar indevidamente da praça. A ação da promotoria começou a dar resultados. A Subprefeitura do Butantã proibiu estacionar na área, conforme determina portaria publicada dia 13 de abril no Diário Oficial da Cidade.
Parte da praça - cerca de 10 mil m2 - foi asfaltada há mais de uma década e hoje é garagem a céu aberto. "Sempre que há eventos no estádio, a área é usada", disse Marcia Vairoletti, presidente da Associação de Segurança e Cidadania.
De acordo com Marcia, frequentadores do Santo Paulo Bar, instalado no estádio, pagam valet. "O cliente deixava o carro na frente do estádio, recebia um comprovante e pagava R$ 10. Depois, o carro era levado por um manobrista para a praça", detalhou uma outra moradora.
A presidente do Conselho de Segurança (Conseg) do Morumbi, Júlia Titz de Rezende, também acusa o clube de utilizar a praça como estacionamento. "Especialmente nos fins de semana", disse. Para Júlia, a retirada do asfalto coibiria a prática.
Outro lado
O advogado do São Paulo, José Francisco Manssur, afirma que o clube não tem relação com a utilização da área como estacionamento. "Em dias de shows ou quando há evento, o São Paulo aluga a parte interna. O uso da praça é negociado entre empresas que nos contrataram e a subprefeitura."
Manssur disse também que o Santo Paulo Bar é administrado pela empresa GRS Alimentos e que desconhece a cobrança de valet. "Apenas alugamos o espaço para eles." Procurada, a empresa não retornou à reportagem.
Notificação
De acordo com o MPE, o São Paulo Futebol Clube já foi notificado e a Subprefeitura do Butantã se comprometeu a impedir a irregularidade.
A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras afirmou que estão previstas a sinalização do local com placas de proibição de estacionar e obras que "auxiliem o cumprimento da portaria". Não há previsão para retirada da pavimentação da praça.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 15 de abril de 2010