1. Criar um Plano de Gestão da Manutenção Viária
Desde 1999 tramita na Câmara Municipal um projeto de lei que cria uma espécie de Plano Diretor de manutenção das ruas e avenidas da cidade. Atualmente engavetado, o texto proposto pelo engenheiro e vereador Domingos Dissei estabelece parâmetros para avaliar o estado de conservação do asfalto, de modo a planejar melhor os investimentos nesse setor.
2. Adotar tecnologias modernas de pavimentação
São Paulo ainda cuida de suas ruas como há 50 anos. Juntas, as quatro usinas de asfalto da prefeitura conseguem produzir até 4.400 toneladas de pavimento por dia. Nenhuma delas, entretanto, trabalha com materiais modernos como asfalto acrescido de borracha e polímeros, que conferem mais durabilidade ao piso.
3. Dotar cada subprefeitura de um fiscal de asfalto
A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras afirma que todo dia aparecem 1.000 buracos na cidade e que, na temporada de chuvas, esse número dobra. Contudo, esses dados são apenas uma estimativa. Não existe a figura de um agente vistor responsável por percorrer as ruas, detectando rachaduras, afundamentos e remendos malfeitos.
4. Aumentar as equipes de manutenção
Para tapar uma vala de 1 metro quadrado de extensão e 8 centímetros de profundidade, a prefeitura gasta em média 77 reais. No ano passado, foram empregados 76,8 milhões de reais para tapar 691.000 buracos. Ainda assim, muitos ficaram abertos por falta de pessoal e equipamento para consertá-los.
5. Limitar ônibus e caminhões em vias de tráfego intenso
Cerca de 15.000 ônibus e 230.000 caminhões trafegam por dia pela cidade. Quando um caminhão está 20% mais pesado que o máximo permitido, a via se desgasta de 25% a 50% mais rápido do que o previsto. Não se sabe exatamente quantos caminhões cruzam diariamente a cidade nessas condições. Mas o efeito do sobrepeso é visível em corredores de tráfego intenso, onde se multiplicam crateras e ondulações.
6. Aumentar a fiscalização sobre as concessionárias
Não bastassem as crateras que surgem, digamos, naturalmente, os motoristas correm o risco de ter seu carro engolido por escavações providenciadas por concessionárias de serviços públicos. Apesar de elas abrirem quase 50.000 valas por mês na cidade, nem sempre as fecham do jeito exigido. Em 2009, receberam 177 multas, que somaram 1,1 milhão de reais.
7. Modificar o modelo de contrato de licitação das empresas de recapeamento
Todo o revestimento asfáltico utilizado no reparo das ruas da cidade sai das quatro usinas mantidas pela prefeitura e é aplicado por sete empresas contratadas por licitação. Cada uma recebe 177 reais por tonelada de material colocado nas vias. Ou seja: quanto mais remendos, maior o ganho, o que acaba incentivando as constantes operações tapa-buraco.
8. Priorizar o programa de recapeamento
Em 1999, um estudo liderado pelo engenheiro Douglas Villibor, então professor da USP-São Carlos, revelou que 50% das vias paulistanas precisavam ser recapeadas. Outros 15% teriam de sofrer uma reforma profunda. No entanto, nos últimos 21 anos menos de 10% das vias de São Paulo sofreram fresagem e recapeamento.
9. Controlar a expansão imobiliária em vias não projetadas para tráfego intenso
Nos últimos anos, tem sido comum o mercado imobiliário pagar uma compensação à prefeitura para ter o direito de construir acima do limite imposto por lei. Se por um lado a compra de Certificados de Potencial Adicional de Construção serve para atrair investimentos, por outro põe em risco a estrutura viária no entorno de onde são realizados.
10. Criar alternativas para absorção da água da chuva
Com 817 milímetros de chuva, o último verão mostrou que a cidade atingiu níveis inaceitáveis de impermeabilização do solo. Uma das soluções para combater o problema é aumentar a permeabilidade, construindo parques lineares, canteiros verdes e piscinões. A engenheira e professora da Poli-USP Liedi Bernucci, especialista em tecnologia de pavimentação, diz que a universidade já está testando o chamado asfalto poroso.
Fonte: Revista Veja São Paulo, 21 de abril de 2010