Parking News

Pela primeira vez na história do planeta, a população urbana superou o número de habitantes do campo. São mais de 3,3 bilhões de pessoas, e isso só vai aumentar. Em 2030, serão quase 5 bilhões. Mas não é preciso olhar o futuro para saber que a infraestrutura de transporte urbano atual não dará conta, analisa reportagem da revista Época Negócios. Motoristas britânicos pagam altas taxas de pedágio para circular no centro de Londres. São Paulo tenta resolver seus longos engarrafamentos com rodízios. No metrô do Japão, o maior do mundo, funcionários empurram passageiros para dentro dos vagões para dar vazão em horários de pico. Habitantes das principais capitais da América Latina saíram às ruas nos últimos dois anos para protestar contra serviços deficientes.
Qual a solução para esse nó do transporte público? Um time de arquitetos, engenheiros, designers e até mesmo médicos pesquisa soluções no Massachussets Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Um dos projetos criados por essa equipe, o CityCar, mistura conceitos de transporte público e privado e emprega o que há de mais moderno em tecnologia e design para criar um novo modelo de locomoção urbana, com minicarros elétricos para dois passageiros. Ao chegar a um dos estacionamentos espalhados pela cidade, o cliente passará um cartão de crédito em um leitor no parabrisa para abrir as portas, usará o automóvel pelo tempo necessário e depois o devolverá em outro estacionamento próximo ao destino. Eles serão usados de forma complementar ao transporte público, como meio de chegar às estações de embarque. "Você comprará um serviço de mobilidade em vez de um produto", disse a Época Negócios o americano Ryan Chin, coordenador do projeto. "Seria ótimo para cidades congestionadas como as brasileiras, porque incentiva o uso de transporte coletivo ao mesmo tempo em que reduz o número de carros nas ruas."
Um veículo foi concebido especialmente para esse projeto. Com exterior feito de fibra de carbono e sem motor dianteiro de combustão, pesa um terço e tem metade do tamanho de um sedã comum. As quatro rodas têm motores independentes, que obtêm energia de uma bateria central de íon-lítio, e são capazes de girar 120º no próprio eixo, o que permite estacioná-lo lateralmente. Graças às rodas traseiras, que se movem para baixo do carro, eles se encaixam uns nos outros como carrinhos de aeroportos. Isso faz com que caibam de seis a oito CityCars em uma vaga típica. Roda até 320 km com uma recarga, a uma velocidade máxima de 145 km/h. Eleito pela revista Time como uma das melhores invenções de 2007, o CityCar tem apoio da General Motors.
Roy Mathieu, pesquisador da GM, supervisiona o projeto a cada seis meses. "O time do MIT ajuda os nossos engenheiros a pensarem fora da caixa", diz Mathieu. Caso a companhia não adote o conceito, Chin e seus companheiros já pensam em alternativas. "É uma grande mudança de paradigma, e não sei se a indústria automotiva está disposta a mudar seu jeito de fazer negócios", afirma Mathieu. "Estamos pensando em criar uma empresa para levar isso à frente." Outra saída é lançar um outro projeto com scooters. Um protótipo do CityCar está pronto para testes. O governo do Havaí tem interesse em implantar o sistema. A previsão é torná-lo realidade até 2011. Nas cidades do futuro, o CityCar poderá levar seus passageiros a uma modalidade de transporte coletivo diferente das existentes hoje. Trata-se do SkyTran que, desenvolvido pela americana Unimodal, é um Personal Rapid Transit (PRT, ou trânsito rápido pessoal). O projeto prevê veículos elétricos para duas pessoas, com acesso à internet e que trafegam a uma velocidade de até 240 km/h suspensos por estruturas magnéticas sustentadas por grandes postes. Tudo é controlado por computadores, com sensores e radares para evitar colisões. Nas estações, localizadas a cada 400 metros, o embarque seria imediato. Cada linha seria capaz de transportar o mesmo número de pessoas que uma autoestrada de três pistas, de acordo com a empresa. Sua instalação é dez vezes mais barata do que a de um trem leve de superfície, como os que circulam nas marginais do rio Pinheiros e Tietê, em São Paulo. Apesar de soar futurista, o conceito já tem precursores concretos. Os 29 mil habitantes da cidade americana de Morgantown, em West Virginia, usam há 30 anos um sistema mais simples que já transportou 63 milhões de passageiros sem nenhum acidente sério. O aeroporto internacional de Heathrow, em Londres, e a Suécia estão implantando modelos de segunda geração. Já a empresa britânica Avcen acredita que a solução para o caos urbano é fugir das ruas e estradas com o Jetpod Air Taxi. Vendido a US$ 1 milhão, o pequeno jato para cinco passageiros foi projetado para percorrer distâncias maiores até pontos de entrada de concentrações urbanas. A viagem entre o aeroporto de Heathrow e o centro de Londres levaria quatro minutos e custaria US$ 100, o mesmo que um táxi convencional. Sua inovação está nas tecnologias que permitem decolar e pousar em uma pista de 125 metros e diminuem o ruído na cabine. O projeto ainda prevê versões para resgates e uso militar e um modelo que pode ser operado a uma distância de 480 km. Já há 75 Jetpods operando no entorno de Nova York. Eles eliminam a necessidade de 37 mil viagens de carro por dia. "Sabemos que capitais como Moscou e Tóquio estão desesperadas por algo assim", diz Mike Dacre, diretor-executivo da Avcen. "Espero que sejamos lembrados por termos levado viagens de massa a um baixo custo para as cidades."
Fonte: Revista Época Negócios (SP), janeiro de 2009

Categoria: Geral


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