Parking News

Jorge Hori *

A retomada de vendas da indústria automobilística, ainda que de forma não tão acelerada como no início de 2008, significa a continuidade de aumento da frota de veículos, com grande concentração na cidade de São Paulo, onde a frota total de veículos já supera os 6,4 milhões e a de automóveis, os 4,7 milhões.
O aumento da frota por dia útil supera mil veículos.
Ainda que nas classes mais altas a maior parte das compras seja de trocas, de renovação, com pequeno aumento da frota e da necessidade de vagas, na classe média há um aumento efetivo da frota, com a compra do primeiro carro, cujo objetivo principal é a substituição do transporte coletivo pelo individual.
Essa população emergente busca as vagas gratuitas, seja na origem, como nos destinos. Se consegue encaixar o seu carro no jardim da sua casa, o faz. Senão, deixa-o na rua. Quando mora em apartamentos, principalmente em conjuntos habitacionais, as vagas são ao ar livre.
No destino, não tem como pagar os valores cobrados pelos estacionamentos pagos que custam ao menos R$ 50,00 (raridade) até R$ 250,00 a mensalidade.
A compra do carro se faz segundo a possibilidade de pagamento da prestação, dentro dos limites do seu salário. Não tem condições de arcar, concomitantemente com os custos da prestação, com o combustível e o estacionamento, além de eventuais custos adicionais com a manutenção e troca de peças.
Para poder utilizar o carro como condução para o trabalho, essa população é obrigada a estacionar longe do seu destino ou sair cada vez mais cedo para achar uma vaga na via pública. Com o que deixa de ganhar o tempo que gastava com a condução pública. Continua tendo de acordar mais cedo. Não fica no trânsito, mas tem de ficar esperando no carro. Correndo riscos.
O problema é que, ao mesmo tempo em que aumenta a demanda, com a verticalização, nos principais polos de serviços, há uma redução das vagas em vias públicas ou em estacionamentos com mensalidades menores (por estarem em terrenos que passam a ser ocupados pelos novos empreendimentos).
Na região da Berrini, os poucos estacionamentos ainda existentes em terrenos estão desaparecendo. O mesmo ocorre na Vila Olímpia.
Os que têm maior renda, não encontrando vagas gratuitas próximas ao seu destino, inclusive as rotativas de zonas azuis, não têm outra opção que buscar vaga em estacionamento privado. Em função desse aumento de demanda, os preços tendem a subir.
Diante desse quadro, o Poder Público titubeia por não conseguir superar o impasse entre duas posições:
- uma que propugna o aumento de vagas públicas, com ampliação das vagas rotativas e garagens subterrâneas;
- outra que entende que os estacionamentos de baixo custo incentivam o uso do carro particular, em detrimento do coletivo, e defendem as restrições cada vez maiores aos estacionamentos.
A primeira posição vê na carência de estacionamentos um fator de deterioração da área, como ocorreu com o centro tradicional, e defendem que é preciso ampliar o número de vagas, para garantir o dinamismo da ocupação do solo.
A segunda crê que com as restrições aos estacionamentos haverá um desestímulo ao uso do carro.
Enquanto não há uma decisão, o mercado se ajusta com muitas distorções. A oferta de vagas privadas ocorre com o uso de lojas desativadas, sem condições de manobras, sem as autorizações públicas, ou com o domínio dos "flanelinhas" que se adonam de vagas públicas.
Uma solução está nos estacionamentos de transferência, mas que emperram nos valores a serem cobrados.
Há, no fundo, uma questão ideológica. Os defensores das vagas públicas defendem a universalização do direito de estacionar. O que se contrapõe aos defensores da sua restrição para favorecer o transporte coletivo.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


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