Parking News

Jorge Hori*

Depois das restrições à circulação dos caminhões, no Centro expandido, cujos resultados, aparentemente, são satisfatórios, mas que terá a prova de fogo, a partir de agosto, quando acabarem as férias escolares, o próximo ponto é o estacionamento.
E aí, tanto ou mais que no caso dos caminhões, o Poder Público se defronta com um grande desconhecimento sobre a oferta efetiva de estacionamentos na cidade.
O que é conhecido é a oferta de estacionamentos rotativos, as chamadas "zonas azuis", mas o Poder Público não tem o monitoramento dos níveis de ocupação, com exceção de pesquisas eventuais.
Há um longo e demorado processo de mudanças tecnológicas, que não se efetivaram e que propiciaram um melhor conhecimento da ocupação e de gerenciamento.
O conflito entre o estacionamento e o trânsito não ocorre em todas as vias e em todos os horários. Aparentemente no período da manhã, das 7 às 10 h, ainda não há grande demanda pelos estacionamentos rotativos. Proibir os estacionamentos (rotativos ou não) nesse horário para melhorar os fluxos das vias de maior movimento não causaria maiores transtornos. Mas é uma impressão, sem dados estatísticos confiáveis para uma política de estacionamentos.
O foco principal de uma política de estacionamentos continua sendo o Centro tradicional, dentro da contra-rótula, onde se estima que haja um déficit de 10.000 vagas. O que justificaria um programa de construção das garagens subterrâneas, ainda que atendendo apenas a cerca de 20% desse déficit.
Uma pesquisa recente feita pelo Sindepark, em grande parte dessa região, excluída a área baixa do Mercado Municipal, detectou 252 estacionamentos, com uma oferta de 18.275 vagas. Na área mais central, o preço médio da primeira meia hora foi de R$ 3,76 e a primeira hora de R$ 5,32. Como uma parte dos estacionamentos já cobra entre R$ 10,00 e R$ 11,00 a primeira hora, existem estabelecimentos com valores inferiores a R$ 6,00 a primeira hora. Um total de 2/3 dos estacionamentos está em edifícios, e o restante 1/3 em terrenos.
Na área mais próxima à Amaral Gurgel, ao contrário, apenas 1/3 são em edificações e 2/3 em terrenos. O que indicaria ainda a existência de muitos terrenos vagos na área.
O cadastramento dos estacionamentos efetivamente existentes na área é uma necessidade para uma adequada formulação e proposição de uma política de estacionamentos para o Centro.
Quando se apresenta e se discute a mesma, sempre surgem propostas radicais de proibição completa de circulação de automóveis nessa área, juntamente com a proibição de estacionamentos.
Essa condição contribuiu fortemente para a degradação do Centro, com a fuga da riqueza, que foi alojar-se em áreas sem essa restrição.
Há um lento retorno dessa ao Centro, sendo a freqüência ao restaurante do Jockey Clube um interessante indicador.
A proibição de estacionamentos na região central abortaria esse processo de revitalização do Centro tradicional.
Há duas outras conseqüências que devem ser adequadamente analisadas. Uma é o que fazer com os edifícios-garagem. A outra é com as lojas transformadas em estacionamentos.
O Centro é ainda um dos poucos locais onde existem edifícios-garagem. Se ficarem sem uso, poderiam ser reciclados para outros usos. Ou deveriam ser implodidos para dar lugar a outros edifícios? Porque a pior solução seria deixá-los desocupados, com o risco de serem invadidos pelos sem-teto.
A substituição tem restrições, uma vez que foram construídos em época de menos rigor na ocupação do solo. Precisariam garantir o mesmo índice de aproveitamento, o que levaria a uma forte verticalização, para compensar um menor índice de ocupação do solo.
Os estacionamentos em antigas lojas fechadas foi uma saída para os proprietários que estavam sem utilidade para os mesmos. Sem os estacionamentos, voltarão a ficar desocupados, pois as próprias atividades que geram a necessidade de estacionamentos reduziriam o seu volume, pela redução de clientes, por uma menor demanda.
Com a eventual revitalização do Centro, poderia se criar uma contradição positiva. As áreas hoje de estacionamentos voltariam a ser disputadas para instalação de restaurantes, lanchonetes, lojas de varejo e outras, que passariam a render mais que o aluguel para estacionamento. Além dos problemas regulamentais e fiscais, já que aqueles seriam formais e os estacionamentos são informais.
Mas essa própria revitalização iria requerer mais vagas e a falta delas conteria a expansão. Ou seja, haveria "um apagão de estacionamentos".
Essa dinâmica deve ser adequadamente avaliada e monitorada para evitar que os efeitos perversos predominem em relação aos resultados benéficos esperados.

*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


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