Proibir ou limitar o estacionamento de veículos é correto. É um preço inevitável a pagar em cidades com problemas crescentes de trânsito, como é o caso de Santos. Apesar de alguns protestos e críticas ? especialmente de quem usa a rua como espaço para estacionar seus carros, de maneira tradicional e cômoda ? é preciso enfrentá-los e tomar medidas nesse sentido, de modo progressivo, mas contínuo.
Numa cidade onde o número de automóveis, ônibus e caminhões aumenta a cada dia, sem que seja possível alargar as vias públicas, ou criar novas alternativas viárias, impõe-se às autoridades o desafio de minimizar o problema, tendo em vista o interesse da maioria, que clama por maior e melhor circulação diária.
A proibição do estacionamento em vias de tráfego pesado cumpre dois papéis: um de caráter imediato, que é ode melhorar o trânsito. Com a limitação, várias ruas duplicam sua capacidade viária, o que traz consequências positivas para o fluxo dos veículos. Mas ela acaba por cumprir uma função maior e mais importante, que é a de limitar o uso do carro particular. Como fica mais difícil, complicado e caro estacionar os automóveis nos deslocamentos, acaba por ser um incentivo a que as pessoas utilizem com mais frequência e intensidade o transporte coletivo, que é, sem dúvida, a solução e o caminho para o futuro. Não se trata, portanto, de medida que beneficia o transporte individual. Ao contrário, minimiza grave situação, mas aponta para o futuro, de maneira indiscutível.
Vale destacar ainda que a CET está adotando uma postura gradual, limitando o estacionamento apenas em horários de pico. Com isso a população começa a acostumar- se com a nova realidade, e diminuem as resistências. É pouco, porém. É necessário que a proibição, pelo menos nas grandes avenidas, se estenda durante todo o dia. Adotar a limitação em determinados horários traz problemas: dificuldades para implantação todos os dias, alto custo (pela necessidade de mobilizar um contingente expressivo de agentes, agora em muitos pontos), além de fazer com que moradores de outras cidades, não habituados às novas regras, sejam vítimas involuntárias de multas e guinchos. Mobilidade urbana é coisa muito séria, e precisa de ações e políticas públicas. Eliminar vagas de estacionamento é parte disso. Mas não deixa de ser um bom começo.
Fonte: A Tribuna (Santos), 22 de agosto de 2013