Segundo o jornalista Wellington Ramalhoso, autor da pesquisa, a sobrecarga da via "está acima do humanamente tolerável". Segundo dados do Metrô, foram transportados mais de 1,1 milhão de passageiros por dia útil em 2012, mais que todas as outras linhas. Em 2012, a linha 3-Vermelha (Leste-Oeste) foi usada por 1,1 milhão de passageiros na média dos dias úteis, de acordo com o próprio Metrô.
Diariamente, o limite de conforto recomendado globalmente (6 passageiros por m²) é superado nos horários de pico. Na média dos dias úteis, 73 mil pessoas entram na rede de metrô pela estação Artur Alvim, vizinha ao complexo de conjuntos habitacionais Itaquera I, e 91 mil pessoas ingressam pela estação Corinthians-Itaquera, mais utilizada por moradores dos conjuntos Itaquera II e III e de outros bairros e municípios próximos. ?As duas estações estão entre as cinco da linha Leste-Oeste que mais atraem passageiros?, diz ele. Ele explica que isto se deve à baixa oferta de empregos na periferia, já que diariamente os moradores usam o metrô para ir ao trabalho, passando pelo centro.
Ele explica que, no início de seu estudo, acreditava que o principal problema da Linha Vermelha fosse o traçado dos trilhos que atravessam a cidade, mas percebeu que a real necessidade é a de novas linhas, que ajudariam a aliviar a superlotação nos horários de pico. Segundo o jornalista, o projeto original do Metrô, de 1968, previa que até 1980 fossem construídos 66 km de metrô, marca que São Paulo só alcançou recentemente.
"O problema exige pelo menos duas grandes frentes de atuação do poder público: o incentivo ao desenvolvimento econômico de Itaquera para que a região tenha uma oferta bem maior de empregos e o incremento dos sistemas de transporte.? A construção de estações do metrô não contribuiu para a elitização de Itaquera, segundo Ramalhoso. O jornalista conta que este processo pode acontecer no bairro devido às obras do estádio do Corinthians, que sediará jogos na Copa do Mundo de 2014. Quando iniciou a pesquisa, o projeto ainda não existia, mas conversando com moradores, percebeu que "o estádio talvez venha a gerar uma expulsão de pessoas de menor renda e uma elitização da região".
Fonte: DCI (SP), 27 de agosto de 2013