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Não foi em um dia frio e luminoso de abril, como descrito na obra 1984, de George Orwell, mas em uma tarde de trânsito e chuva de fevereiro do ano passado, em Joinville (SC). Cristian Aquino instalou uma câmera em um dos pontos de maior engarrafamento da cidade e passou a transmitir as imagens pela internet, para ele e os moradores da cidade verem se poderiam ou não passar pela região. Sem querer, criou sua própria versão do "grande irmão", descreve O Estado.
No dia seguinte, o site que transmitia as imagens ao vivo já tinha mais de 30 mil acessos, dando origem a VejoaoVivo, startup que atualmente tem 700 câmeras espalhadas em 63 cidades do País para que os usuários monitorem o tráfego, praias, pontos turísticos e outros locais públicos movimentados. A proposta é semelhante à de sites internacionais como o Earthcam, que mostra vídeos ao vivo de diversos pontos do mundo.
Para montar o negócio, Aquino, dono de uma pequena empresa de software, teve a ajuda de dois amigos que investiram R$ 20 mil em troca de participação na startup. Em cinco meses, tinha 15 câmeras ligadas na região de Joinville.
Para ganhar escala e crescer, o negócio precisava de investimento. Foi quando a história de Aquino, um empreendedor nato que trocou os bancos universitários pela experiência prática, cruzou com a de David Abuhab, filho do presidente da multinacional de software Neogrid. Abuhab havia acabado de voltar de uma temporada na Califórnia, onde fez uma pós-graduação na Universidade de Stanford.
O pai de David, Miguel Abuhab, encantou-se com a proposta da VejoaoVivo e comprou a parte dos dois primeiros investidores. David viu a oportunidade de desenvolver sua própria companhia e assumiu a gerência de marketing.
A holding Miguel Abuhab Participações investiu R$ 1 milhão na expansão da VejoaoVivo até agora. A empresa tem nove funcionários, 7 milhões de visualizações (pageviews) e 1 milhão de usuários únicos por mês. Recentemente, a empresa lançou aplicativos para os sistemas iOS e Android.
As câmeras estão instaladas em lugares críticos de trânsito, regiões com riscos de acidente e lugares turísticos. "Por mais que tenham outros sistemas que ofereçam essas informações, nenhum é tão preciso quanto as câmeras ao vivo", explica David.
Os sócios não se preocupam com questionamentos sobre privacidade que envolvem o negócio. "Não gravamos imagens, apenas transmitimos ao vivo. Nossas câmeras são colocadas em prédios particulares voltadas para lugares de grande circulação, sem focar no rosto das pessoas", diz David.
O modelo de negócio prevê a receita por meio de publicidade. Por isso, aumentar a base de usuários é essencial neste momento. Até o fim do ano, a VejoaoVivo quer estar em todas as capitais, ter 1,1 mil câmeras e chegar a 5 milhões de visitantes únicos. Depois, quer descobrir como pode gerar outros dados com base nas imagens das câmeras. "Uma das ideias é gerar alertas específicos", diz David.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 23 de agosto de 2013

Categoria: Geral


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