As primeiras instalações são dos anos 1970, quando bancos queriam se proteger dos ladrões. Muito rapidamente, algumas cidades colocaram CFTV (circuito fechado de televisão) em suas ruas. Mas foi preciso esperar um relatório do governo em 1994 para que o sistema se espalhasse. Hoje, eles estão por toda parte. No metrô, nas ruas, nos centros comerciais, nos conjuntos habitacionais, mas também nas mercearias do bairro, diante das escolas ou em Westminster. Podem ser vistas até mesmo em alguns pubs. Não há nada mais simples do que instalar um CFTV. As empresas ou as prefeituras devem avisar o indivíduo que ele está sendo filmado. E cuidar para que suas fitas sejam guardadas em um lugar onde não possam ser vistas por um terceiro, exceto pela polícia, se necessário. Não há nenhuma duração legal de armazenamento desses filmes. Eles não devem "ser guardados por mais tempo do que o necessário", explica o Comissariado para a Informação, autoridade independente. Quanto aos indivíduos que quiserem proteger sua casa, estão isentos de qualquer restrição.
Algumas opiniões denunciam o advento de uma "sociedade de vigilância", a exemplo de um grupo de trabalho da Câmara dos Lordes em maio. Ou de Richard Thomas, o comissário para a Informação. Mas a opinião pública é amplamente favorável aos CFTV. Entretanto, sua eficácia na luta contra a criminalidade não foi provada até hoje, ainda que a polícia lembre regularmente que eles foram úteis nas investigações sobre os atentados terroristas de julho de 2005 ou sobre o assassinato por envenenamento do ex-espião russo Alexander Litvinenko, em 2006.
Assim, em setembro, a Scotland Yard reconheceu que em 2008, em Londres, cerca de 1 milhão de câmeras só ajudaram a resolver menos de 1.000 delitos. Todos os meses, os CFTV da capital ajudam, em média, a deter oito ladrões em um total de 269, esse número sendo a única estatística disponível. Em maio, um outro estudo encomendado pelo ministério do Interior concluía que eles se revelam eficazes nos estacionamentos. Sobretudo se estes forem bem iluminados e vigiados por seguranças. Para o resto, os 500 milhões de libras gastos pelas autoridades públicas entre 1996 e 2006 para instalar os CFTV não serviram de grande coisa.
"Colocar os policiais nas ruas"
Há dez anos, três quartos do orçamento do ministério do Interior dedicado à prevenção da criminalidade vão para os CFTV. "Não seria melhor tirar os policiais de trás de suas mesas e colocá-los nas ruas?", sugere Chris Gayling, ministro do Interior do gabinete paralelo de David Cameron, o líder dos conservadores.
Na realidade, é impossível avaliar a eficácia dos CFTV, especialmente porque nem sempre eles funcionam e porque muitas vezes oferecem uma imagem de má qualidade. Em 2007, a polícia divulgou que 80% dos filmes que ela via dificilmente eram aproveitáveis. Eis por que, em março, os policiais britânicos foram encarregados de uma nova missão: contar o número de CFTV e avaliar seu estado de funcionamento...
Fonte: jornal Le Monde, 13 de novembro de 2009