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Uma das propostas lançadas na revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo de Santos é mesclar, em áreas de maior adensamento populacional, as atividades residenciais e comerciais/prestadoras de serviço. Significaria, na prática, utilizar os pavimentos térreos dos edifícios para estabelecimentos comerciais. O modelo clássico de urbanização das cidades modernas seguiu o padrão de segregar atividades. Nos bairros e áreas residenciais há exclusivamente moradias, com pouco e restrito comércio, de modo a garantir tranquilidade aos cidadãos. Em outros espaços, separados e distintos, ficam o comércio e os serviços (normalmente no centro das cidades, ou em polos bem definidos que foram se desenvolvendo ao longo do tempo), e, bem apartadas e mais distantes, as zonas industriais. Esse padrão, inspirado no urbanismo norte-americano, torna inevitável a expansão física das cidades. Ele induz ainda à segregação dos bairros onde moram os mais ricos, a classe média e os mais pobres.
Nos Estados Unidos, os subúrbios acabaram ocupados pelos que têm maior renda, e que utilizavam seus potentes automóveis para deslocamentos em pistas de alta velocidade. Aqui, o fenômeno acabou o inverso: a periferia tornou-se o reduto da baixa (ou baixíssima renda), penalizada diariamente com longas viagens com transporte coletivo de péssima qualidade. Separar os usos em uma cidade tem consequências. A principal é exigir redes de mobilidade complexas, sempre caras e difíceis de implantar e manter. Aproximar as residências do comércio e dos serviços cumpre, portanto, a função de reduzir deslocamentos. As pessoas inclusive poderão ter seus empregos mais próximos de onde residem. Mas não é esse o único ponto positivo: na medida em que há concentração da população em determinadas áreas, com a multiplicação de edifícios, os benefícios e conforto da proximidade das atividades terciárias resultam evidentes.
Em Santos, os prédios residenciais evoluíram para oferecer aos moradores cada vez mais serviços: áreas de lazer e recreação, piscinas, academias, cinemas, localizados nos pavimentos iniciais (mezaninos) e na cobertura, em geral. O térreo, entretanto, segue ocupado pelos acessos e destinado a garagem de veículos. Esse é o ponto importante: a demanda crescente por espaços para estacionamento de carros que tem forçado a construção de subsolos para esse fim, encarecendo sobremaneira o custo das obras.
O uso comercial do térreo não irá resolver essa questão. É preciso mudar a mentalidade das pessoas (ávidas por possuir e usufruir de seus carros) e oferecer a elas opções verdadeiras para sua mobilidade. Mas ele contribui para minimizar deslocamentos e oferece novas possibilidades arquitetônicas aos edifícios, além de criar, para os condomínios, novas fontes de receita mensal.
Fonte: A Tribuna (Santos), 4 de junho de 2014

Categoria: Cidade


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