Parking News

Por Jorge Hori*

A Prefeitura de São Paulo está tentando desenvolver uma política antiestacionamento, com o objetivo declarado de reduzir o uso do carro e melhorar a mobilidade dentro da cidade.
Supõe que, ao reduzir a oferta de vagas próximo aos locais de trabalho, os trabalhadores não sairão de casa com o seu carro, mudarão o seu comportamento, melhorando, assim, a circulação nessas regiões.
A suposição é correta, mas os resultados efetivos para a região poderão ser desastrosos.
Com a restrição de vagas, os trabalhadores terão ou que acordar mais cedo para disputar uma vaga gratuita em via pública ou desembolsar valores elevados para manter o seu carro estacionado em vagas pagas.
Espera-se que diante desses obstáculos físicos ou econômicos eles prefiram deixar o carro em casa ou dispensem a posse de um e passem a utilizar-se do transporte coletivo ou de meios não motorizados, seja a pé ou de bicicleta.
Para essas últimas opções eles têm a alternativa de se mudar para mais próximo do seu emprego.
Permanecendo onde moram, os trabalhadores têm outra opção: mudar de emprego e buscar trabalho onde possam continuar indo de carro.
No caso de um profissional altamente qualificado, que a empresa não pode dispensar, o patrão acabará concedendo, como benefício, o pagamento ou ressarcimento do valor do estacionamento, anulando o objetivo público de restringir o uso do carro pelo seu encarecimento.
De toda forma, supõe-se que esses casos seriam excepcionais e teriam pouco impacto. Não é o que mostra a pesquisa OD realizada decenalmente pelo metrô. A maioria das pessoas que usa o carro tem o seu estacionamento subvencionado.
O impacto maior seria do empresário ou do empregador. Esse é o que decide o local de trabalho e gera os empregos para os trabalhadores. Em geral pessoas de maior renda, os empregadores não dispensam o carro para ir ao trabalho por meios coletivos, mesmo tendo a disponibilidade do serviço metroviário, considerado o de melhor qualidade.
Com exceção dos de menor porte, têm renda para pagar os valores dos estacionamentos avulsos, não sendo esses os desestimuladores do uso do carro.
Ademais, esse custo é incorporado ao valor do imóvel que vão ocupar, seja próprio ou alugado. Se, em função da escassez de vagas o custo dessas vinculadas às salas for muito elevado, ele tenderá a buscar outros locais para se instalar, com custo mais adequados ao seu negócio.
Ou seja, o aumento desmesurado dos espaços para estacionamento o levaria a mudar de região. Essa decisão, repetida por vários empresários, leva ao esvaziamento e degradação da região.
A restrição ou o encarecimento do estacionamento pode promover a redução do destino de carro para a região com restrição, mas não apenas do carro, como também do seu motorista.
E, quando ele é um empregador, também dos seus empregados.
Ele poderá, no entanto, manter-se na região em função dos seus clientes.
No entanto, se seus clientes não conseguirem ter acesso a essa região, pela dificuldade de estacionar, preferindo outras regiões, ele se verá obrigado a se mudar, para manter ativo o seu negócio.
Esse impacto é maior em se tratando do comércio varejista de rua. Repercute ainda na atividade de restaurantes.
Restringir vagas de estacionamento pode ser o melhor caminho para a degradação urbana.


* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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