Com isso, os passageiros já reclamam que estão cada vez mais espremidos nas composições. A média de pessoas transportadas por dia na linha passou de 416,4 mil em março do ano passado para 472,1 mil no mesmo mês de 2010. Dois fatores são considerados fundamentais para explicar esse aumento: a restrição aos ônibus fretados no centro expandido da capital, que colocou mais pessoas na rede de metrô, e a inauguração em janeiro da Estação Sacomã. "A cada estação inaugurada surge uma nova demanda. Você precisa reforçar a quantidade de trens para atender a essa população", explica o consultor e ex-engenheiro do Metrô Horácio Figueira.
Em menos de dois meses de operação, a Estação Sacomã já responde por 6,8 mil passageiros por dia a mais no horário de pico. O número é consequência da grande quantidade de ônibus que param no principal terminal do bairro, que recebe 24 linhas municipais e 19 intermunicipais - vindas principalmente do ABC Paulista.
Como os fretados coletivos não podem mais entrar no centro expandido, veículos da Baixada Santista ganharam um terminal na Estação Santos-Imigrantes. Por isso, essa foi a segunda estação que mais cresceu em toda a rede metroviária paulistana: uma elevação de 239,5% no fluxo de passageiros.
Expansão
As previsões são de que a Linha Verde esteja cada vez mais sobrecarregada, com a inauguração das Estações Tamanduateí e Vila Prudente, ambas previstas para o primeiro semestre deste ano. São previstos 120 mil passageiros por dia a partir da abertura dessas estações. Na primeira, haverá conexão com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) na Linha 10-Turquesa. Por essa linha viajam passageiros do ABC com destino à capital. "Vai distribuir a demanda da rede e isso pode aliviar outras linhas e até a CPTM. Mas a Linha Verde nunca mais vai ter o conforto que tinha antes. Vai receber todo o fluxo que vem de Santo André e as pessoas podem seguir para a Paulista ou fazer baldeação para a zona sul. A Paraíso vai ser a nova Sé", prevê Figueira. Já na Estação Vila Prudente ocorrerá a chegada de passageiros que utilizam o sistema de ônibus municipal - vindos da zona leste, com parada no Terminal Vila Prudente, e do terminal do Expresso Tiradentes.
O presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô de São Paulo (Aeamesp), José Geraldo Baião, acredita que a situação na linha ficará melhor assim que três novos trens comprados estiverem em operação - no total foram 16 e 13 já estão em operação. "Essa alta demanda mostra também que o cidadão não quer ficar parado no trânsito e passou a usar meios de transporte que proporcionem ganho de tempo", observa.
Looping
No trajeto Vila Prudente-Praça da Sé, estudo do próprio Metrô mostra que o tempo de viagem hoje é de 40 minutos - e deverá passar para 28 minutos com as duas novas estações a serem entregues neste semestre. "Caso ainda ocorra maior demanda, há estratégias operacionais, como o looping", diz Baião. O looping é quando o trem passa pela estação, deixa os passageiros entrarem e vai até estações mais próximas descarregando todos e voltando à anterior para novo embarque.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 28 de abril de 2010