Os testes internos feitos pela empresa, com fábrica em São Bernardo do Campo (SP), provaram que o diesel da cana emite 9% menos material particulado na atmosfera - aquela fumaça preta que sai dos escapamentos - em relação ao diesel de petróleo, o mais poluente dos combustíveis fósseis.
O diesel de cana, praticamente isento de enxofre, começou a ser desenvolvido há dois anos pela empresa americana Amyris, cuja subsidiária brasileira abriu um laboratório em Campinas (SP). O produto chega aos tanques dos veículos inicialmente numa porção de 10% misturada ao diesel derivado do petróleo. A Mercedes-Benz vai ampliar a mistura gradativamente, até chegar aos 100%.
"Só com os 10% misturados ao diesel utilizado em São Paulo, o S50, com 50 ppm (partes por milhão) de enxofre, já conseguimos um grande resultado, que é o de uma queda de 9% na emissão de material particulado", informa Gilberto Leal, gerente de desenvolvimento de motores da Mercedes-Benz.
A redução na emissão já foi comprovada em testes internos feito pela montadora, que agora vai verificar o comportamento do combustível nas ruas. Vários ônibus que percorrem regiões centrais da cidade, onde congestionamentos e poluição são elevados, vão rodar com a mistura de 10% de diesel de cana. A performance desses veículos será comparada à de ônibus que fazem o mesmo percurso abastecidos com diesel comum.
Emissão menor
Além de benéfico ao meio ambiente, o novo diesel poderá ajudar o Brasil a vencer uma antiga barreira, a da exportação de combustível derivado da cana, negócio que não teve o resultado esperado com o álcool - ou etanol, como passou a ser chamado para ganhar visão no mercado internacional. "O diesel de cana é uma solução energética muito boa e pode abrir as portas ao País para a exportação", diz Leal.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 1º de maio de 2010