Conforme noticiou o Jornal do Brasil, o resultado da reunião não surpreendeu. O mercado elevou suas projeções para a Selic no fechamento de 2010 para 11,75% ao ano, de acordo com a pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central. A estimativa da semana passada era de 11,5%. As projeções para a inflação oficial e para o Produto Interno Bruto (PIB) também subiram para 5,41% e 6%, respectivamente. Economistas do mercado financeiro trabalham com a previsão de que a taxa básica de juros termine 2010 no nível de 10,25% a 12,75% ao ano. Para os analistas, o atual cenário de atividade econômica aquecida, de inflação corrente mais pressionada e de expectativas também mais altas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tanto de 2010 como de 2011, obrigam o Banco Central a promover ajustes consecutivos na Selic a partir deste mês.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 8 e 9 de junho. A ata da reunião do dia 28 será divulgada pelo BC em 6 de maio.
Reação adversa
No meio empresarial, a alta não teve boa repercussão. Para a Federação das Indústrias do Rio (Firjan), a política econômica atual caracteriza-se pelo peso excessivo dado à taxa de juros básica na manutenção da inflação baixa. Já o presidente da Federarão das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou que "não há necessidade de subir a taxa de juros, pois existe capacidade instalada na indústria para atender à demanda sem que haja pressão sobre os preços". "Lamentamos que a produção, o crescimento e o emprego mais uma vez sejam os perdedores", disse Skaf.
Orlando Diniz, presidente da Fecomercio-RJ, considera que a alta da Selic vai atingir em cheio o crédito, o consumo das famílias e, deste modo, o avanço da renda e do emprego formal no Brasil. "A elevação da Selic será imediatamente repassada à ponta pelos bancos, diferentemente do que acontece com as reduções, e, mais uma vez, empresários e consumidor pagarão a conta."
Fonte: Jornal do Brasil, 29 de abril de 2010